O ENTERRO
Naquela manhã a Rua do Amparo, onde eu morava em Olinda estava muito movimentada. Várias Pessoas acompanhavam um enterro, outros caminhavam apressados para não chegarem atrasadas ao emprego, inclusive eu. Vi quando pararam o enterro para trocarem as pessoas que carregavam o caixão, uma senhora estava aos prantos. Duas jovens que parecia ser gêmeas, de mãos dadas rezavam, deviam ter uns onze anos. Muitas pessoas acompanhavam o cortejo, deve ser alguém muito conhecido, pensei “quem seria” fiquei curioso.
Continuei caminhando e observando, vi uma mulher que eu conhecia. Lembrei dela sim, ela frequentava o Clube Vassourinhas. Ela parou diante de mim e perguntou se eu ainda lembrava-se dela. Claro que lembrava dançamos muitas vezes, confesso que ela estava bem diferente, estava mais magra com os cabelos cortados, jamais imaginaria encontrá-la naquele momento fúnebre.
Conversamos seguindo o enterro, para minha surpresa, o morto era um amigo que ela não via há muito tempo, estudaram junto no Ginásio Guedes Alcoforado no turno da noite. O cortejo seguia passando na venda de seu Godofredo,quando de repente o povo que seguia o enterro entraram apavorado na venda, outros no casarão onde morava Bill di Olinda, antes mesmo dele entender o que estava acontecendo, colocaram o caixão no chão então, as cabras pulavam o caixão derrubaram as coroas de flores, as cabras estava assustada pois dois cachorros corriam atrás delas, dona Maria estava levando as cabras para pastar,conseguiram acalmar, a viúva juntou-se as gêmeas que choravam, depois de um tempo seguiram com o enterro
A amiga do morto na confusão a perdi de vista, eu continuava curioso querendo saber quem era o falecido, ao chegar no largo do Amparo,vi Zé doidinho na porta da venda de Miro pé de pato, novamente outra confusão, apareceu do nada uma amante do morto, ela estava histeria discutia com a viúva falava que ela era culpada da morte dele. Muito disse me disse, mas outra vez o caixão foi ao chão, seria aquela história verdadeira?Encontrei a amiga do morto novamente, conversamos por alguns minutos, faltavam dez minutos para começar meu expediente na Padaria onde eu trabalhava de balconista. Peguei o número do telefone da amiga do morto, despedi-me prometendo lhe telefonar. Alguns minutos depois o cortejo seguia tranquilamente rumo ao Cemitério pela Rua de São João.
À noite criei coragem telefonei para a amiga do morto fiquei sabendo que se chamava Maria Aparecida, Cidinha na intimidade, e o nome do morto era Antônio, mais conhecido como Toni Caninha, que morreu de cirrose.
Set/2022