Hilário, Hilária e o Cão

07.09.22

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Hilário e Hilária, depois dele agradecer a ela por pegar o seu guarda-sol que voou pela praia, permanecerem por alguns segundos parados segurando-o separados pelas extremidades. Encaravam-se com simpatia, pois não é sempre que se encontra uma mulher com o mesmo nome tão peculiar como o dele e de personalidade parecida; e vice-versa. Depois, ela largou a sua ponta e ele o segurou por inteiro e interessado perguntou-lhe:

-Você está em algum lugar na praia, Hilária?

-Não, estava caminhando por ela quando o seu guarda-sol me encontrou.

-Estou com minhas coisas logo ali. Você trouxe guarda-sol?

-Não!

-Então a convido para ficarmos sob ele, pois o sol está inclemente hoje e precisamos nos proteger. Temos a pele muito branca e fina – disse de forma alegre e feliz, pois assim estaria fazendo a sua boa ação do dia. Mas, sentiu também um interesse diferente por ela.

Seguiram em direção ao local no qual o guarda-sol estava fincado antes de voar, mas agora Hilária comentou que deveria ser colocado contra a direção do vento para que não fugisse novamente. Hilário assentiu com prazer a observação da sua amiga. Era inteligente. Estava maravilhado com a companhia dela, pois não imaginava que poderia acontecer encontro tão fortuito como esse, causado pelo voo do apetrecho de praia. O que é o destino pensou.

Reinstalou-o e se sentaram ao abrigo da sua pequena sombra e difícil de cobri-los separadamente, pois os dois eram roliços. Hilária, com a sabedoria feminina disse:

-Vamos nos sentar um de costas para o outro e assim a sombra nos cobre. O que você acha?

Hilário assentiu dizendo:

-Perfeito!

Fizeram a troca de posição e ficaram em silencio olhando a praia, as pessoas, o mar sentindo o toque quente das suas costas. Hilário se arrepiava a cada respiração dela, e ela também. Realmente, sentia algo muito diferente por ela.

Em dado instante um cachorro veio até eles, tinha coleira com o seu nome – Trovão. Hilário o afagou. Ele lambeu a sua mão. Hilário trouxe um lanche de pão com mortadela e resolveu dar para o cão, que parecia faminto, um pedaço do embutido. Hilária observava.

O cão, vendo que seria alimentado, sentou e ficou esperando receber a sua comida, animado. Hilário tirou uma fatia da mortadela e deu ao animal que a devorou de chofre e vorazmente. Tirou outra, engolida quase sem mastigar, quando ouviu um grito autoritário e ríspido:

-Não dê nada ao Trovão! Ele só come ração!

Hilário levantou o seu olhar e viu um homem de meia idade carrancudo caminhando em direção a eles.

Hilária, vendo o senhor de pouca amabilidade chegando ao guarda-sol, ergueu-se e disse incisiva em resposta ao ralhar do dono do cão:

-O senhor não sabe que é proibido animais na praia, ainda mais soltos? E famintos, o senhor não o alimenta?

O homem não respondeu, olhou fuzilante para ela, pegou o cão e se foi com andar pesado saindo da praia.

Então, ouviu-se uma salva de palmas dos outros banhistas que estavam perto do guarda-sol de Hilário e que acompanharam a cena, com algumas pessoas dizendo:

-Muito bem, é isso mesmo, cachorro é proibido na praia! A senhora tem toda a razão - e mais comentários concordando com a atitude dela.

Hilária surpresa, agradeceu com mesuras do seu corpo rotundo, sorrindo a todos, deixando Hilário satisfeito e orgulhoso, pois o dia estava sendo promissor, já que fizeram a boa ação do dia, ou melhor Hilária, fez o dono do cachorro ir para fora da praia sob a aprovação dos que estavam ali por perto.

Hilário estava sentindo algo muito diferente por Hilária.

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 09/09/2022
Reeditado em 10/09/2022
Código do texto: T7602062
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