A Inesperada Brincadeira

06.09.22

438

O inesperado acontece e nos prega peças que acabam se tornando inesquecíveis.

Foi o que me aconteceu em uma ida a Porto Alegre, ano passado, para visitar a filha da minha mulher, que tem uma filha de quase três anos hoje, minha netinha também.

É muito esperta, ativa, inteligente e adora uma bagunça, como eu. Têm cabelos aloirados, compridos e cacheados, olhos azuis, sorriso cativante e é articulada com as palavras. Damo-nos muito bem, meu jeito moleque se apresenta com as brincadeiras que fazemos juntos. Uma “delícia” ver seu sorriso de prazer com as macaquices do “nono”, como sou chamado por ela.

Cecilia é o seu nome, Ciça para mim.

Naquela época o apartamento que minha mulher tem na cidade estava para alugar e fomos também para trazer mais tralhas. Combinamos que filha e neta iriam passar a tarde conosco no apartamento. Tomaríamos um lanche.

Vieram. Mãe e filha começaram a conversar, eu e Ciça a brincar. Em dado momento, as três foram para o quarto ver o que seria levado para nossa casa em Florianópolis.

Meu estômago estava em ebulição e ao mesmo tempo recebi uma mensagem no celular. Peguei o aparelho e li o texto. Ao terminá-lo, instintivamente soltei um pum bem barulhento, precisava! Ciça estava ao meu lado; havia voltado despercebidamente.

Vê-la atônita com a altura e força do som, surpresa, de olhos arregalados e com um leve sorriso matreiro nos lábios, deixou-me estático e sem reação por segundos. Então disse a ela:

-Foi um gato! Mas que gato sem vergonha! Xô gato! –disse correndo em direção ao outro quarto como se o gato estivesse a minha frente.

Ela eufórica, corria comigo gargalhando e dizia com um enorme sorriso iluminando o seu rosto.:

-Sai seu gato punzeiro! Sai!

Chegamos ao outro dormitório no qual havia um guarda-roupa fechado, eu abria as portas e tocava o gato imaginário, com ela junto saltitante de alegria e excitação, entrando e saindo do armário. Estava exultante.

Mãe e filha escutaram a balburdia que ocorria na casa, saíram do outro dormitório e nos viram correndo pela casa enxotando alguma coisa que não entendiam. Minha mulher perguntou:

-O que esta acontecendo?

-Tem um gato punzeiro, Oma! Ele está aqui no banheiro. Sai gato punzeiro, sai – respondeu Ciça animadíssima.

E foi assim que surgiu inesperadamente a brincadeira do gato “punzeiro”. Até hoje Ciça ao me encontrar, fala que o gato imaginário está ali no sofá ou no armário e que temos que enxotá-lo, correndo em direção a ele.

Uma inusitada e inesquecível brincadeira de criança.

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 06/09/2022
Código do texto: T7599938
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.