Do Parque Minha Morada

 

Domingo destes estava treinando chorinho, repetindo várias vezes “Chorando Baixinho”

de Abel Ferreira“, gravação de Rafael Rabelo (violão) e Paulo Moura (clarineta)

– todos já partiram - quando me passam à frente um rapaz e sua companheira portando um violão.

Oi gente beleza? Minha avó dizia que na política um "gambá cheira o outro". Na música são os violões.

Sentem-se aqui um pouquinho. Trocamos conhecimento, telefones, desfilamos

nossos equipamentos, últimos encontros de músicos, no que o papo fluía leve e solto.

Rodrigo que tinha um compromisso assumido logo à frente, quis saber se eu passava

por ali com frequência. Alinhamos um novo encontro para emparelharmos os violões.

Despediram-se, desceram escadaria abaixo, voltei pro banco que ficara pra trás, ouvi mais um pouco do CD,

juntei as tralhas, pus a máscara e fui. Pera aí - já a beira da escada - pensei...

Mas rapaz, não é que a imagem que ficou quando se despediram, é muito semelhante

àquela de quando levamos até à porta, alguém que acabou de nos visitar?

Parece muito, né? 

Será que já estou fazendo do Parque Minha Morada?

Vou checar meu IPTU, he,he,he...

 

"um gambá cheira o outro" 

expressão antiga que significa uma tribo se formar para,

com o mesmo objetivo, explorar ou gozar do mesmo privilégio.

O exemplo magno disso é o "Mensalão".

 

 

Afonso Rego
Enviado por Afonso Rego em 31/07/2022
Reeditado em 27/11/2022
Código do texto: T7572230
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