Ração boa pra cachorro
Dirigiu-se Antonio Roberto, às dez horas da manhã, à loja de vendas de artigos para animais; assim que lá chegou, atendeu-o uma funcionária, moça de uns vinte anos, baixa, de, se muito, um metro e sessenta de altura, esbelta, que então ajeitava, com uma maria-chiquinha, os cabelos pretos, lisos, volumosos. Sorridente, ela saudou-o, exibindo-lhe sua fileira de dentes brancos: "Bom dia, senhor. O que o senhor deseja?" E Antonio Roberto respondeu: "Ração para um cachorro velho, de dentes bem fracos." "Cachorro pequeno, ou grande?" "Médio. Um vira-lata. Ele tem, acho, uns quinze quilos." "Temos estas duas rações." - e mostrou-lhe os dois pacotes. "São boas para cachorros velhos de dentes fracos?", perguntou-lhe Antonio Roberto. "Sim, senhor. São macios. Veja." - e apertou a moça dois pacotes, um de cada tipo de ração que indicara a Antonio Roberto, sentindo a ração entre os dedos. E Antonio Roberto repetiu-lhe o gesto. "É verdade. São macios, bem macios. Vendem à granel?" "Sim, senhor. De quanto o senhor precisa?" "Das duas rações, meio quilo de cada. Darei das duas para o meu velho amigo, e verei qual delas ele come, qual não." "É melhor, né? Assim não desperdiça ração." E a moça pesou meio quilo de cada uma das duas rações escolhidas, e entregou a Antonio Roberto um pequeno pedaço de papel com o logotipo da empresa, no qual escrevera o preço a pagar pelas rações, e disse-lhe que pagasse no caixa e retirasse a compra no balcão. E ele seguiu-lhe as orientações. Aproximava-se Antonio Roberto do balcão, quando a moça que o atendera afastou-se para falar com outra funcionária; e chegou-se ao balcão um funcionário, que, vendo a sacola com as rações empacotadas, perguntou para Antonio Roberto: "Esta ração é para o senhor?", e ele lhe respondeu: "Para mim, não; é para o meu cachorro." O funcionário riu, a moça riu e pegou a sacola e entregou-a a Antonio Roberto, e agradeceu-lhe a visita à loja no mesmo instante em que ele, rindo, dizia: "Esta ração é boa pra cachorro."