Naquele Dia
Foi no Verão daquele ano que as coisas começaram a ficar claras. A sensação era a mesma de alguém viajando em uma tempestade, tendo seu carro açoitado pela força da água, a visão turva causada pelo embaçamento do vidro e pouco depois, Céu de Brigadeiro, límpido, maravilhoso.
As montanhas que até então pareciam vultos na escuridão, se tornando vivas pela cobertura verde, nova em folha e as corredeiras assustadoras das paredes da estrada escura, se transformando em pontos de parada para descanso e lazer.
De todas as formas as coisas mudavam, as coisas vividas se tornavam irreais e as desconhecidas bem vindas e estranhamente companheiras. A sensação de fazer parte de tudo parecia correr por cada parte do meu ser, sem entretanto existir uma consciência exata do que estava acontecendo.
Então de uma hora para outra aconteceu... Sensação estranha esta, pessoas chegando de todos os lados para ver o que se passava e eu lá observando tudo de uma distância que até então me parecia segura.
Sem querer me adentrar a confusão, tentei de todas as formas me aproximar para melhorar minha visão, e, sem entender como estava em um local mais alto, com a visão global dos acontecimentos e das sensações que emanavam de forma incrivelmente fortes do local.
Não conseguia de forma alguma definir de minha posição, o que, quem, ou como tudo acontecera, mas sabia que era importante o entendimento do ocorrido.
Alguém se levantou e pude finalmente enxergar o que todos olhavam, vi o que nenhum ser pensa ou acredita existir.
Vi o porque de todas as sensações e o porque do compartilhar das coisas simples e até então sem sentido,... Vi-me ali,... morto na calçada.