NUMA MADRUGADA DE TEMPOS ATRÁS

As noites da capital mineira são frias quando passa de zero hora e terrivelmente geladas quando avançam para as três da madrugada. Pelas ruas não se vê viva alma, todos entocados, no sono rem, deixando lá fora gélido breu. Há contudo, quem tenha que trabalhar.

O sereno da madrugada não deixava ver, mas as ruas empoeiradas de chão batido não disfarçavam o ruídos de cascos de cavalo que se aproximavam até um recém instalado posto militar no bairro Gorduras, onde o prefeito socializava um projeto de expansão. O som era abafado mas perceptível, tanto que cães que incomodados ladravam pelos quintais sem contudo sair, retidos em sua maioria pelos muros e cercados improvisados, nada que alardeasse contudo quem estivesse no interior das casas . Uma luz fraca deixava aos poucos ver quem se aproximava preguiçosamente, único na rua, único na noite. Era um sargento em sua ronda, fiscalizando subordinados pulverizados em pequenos núcleos militares, alguns como o de Gorduras sob a responsabilidade de um cabo apenas.

Era uma casa comum, ocupada para o improviso de implantação definitiva no futuro e o sargento, conhecendo as entradas se fez silencioso, por dever de ofício e evitando a sala entrou pela cozinha onde quem sabe não encontraria um café mesmo coado há horas atrás? Ciente de que o cabo, evangélico, ideal para tal lugar por ser avesso a preocupações etílicas e nunca dormir em serviço, Julgou que este estivesse ocupado em leituras bíblicas num dos cômodos da casa em não achando café algum entrou mais e se deteve. Sussurros destoavam de previsível silêncio e sem ser percebido pode ver entrelaçado com uma mulher, o cabo. Olhou para o relógio. três e vinte sete e espantou-se.

- Diacho! Então o cabo gosta de uma paquera? Voltou pra cozinha em como se tivesse chegado naquele instante se fez ruidoso, sem contudo deixar sua supervisão avacalhar e assim pegou os dois já recompostos, mas ficando a explicação de como uma mulher estaria em um solitário posto de ronda confiado a um militar de conduta irretocável? A mulher se perdeu na noite e em silêncio o cabo ruminava seu grave deslize aguardando um resultado nada bom do sargento que afastado o espanto disse:

- Cabo, pegue o livro de alterações. - O cabo desaparece até outro cômodo voltando com um livro nas mãos e palidamente silencioso viu o superior escrever algo nele e sem demora devolver dizendo:

- Não fale nada, apenas leia o que escrevi, vou seguir com a supervisão já que tenho mais dois lugares adiante, espero que lá esteja calmo também.

O cabo sentiu que as cordas foram afrouxadas e respirou aliviado quando leu o livro de registro que o sargento deveria apontar alterações e descreve-las e nele estava escrito: Ronda no posto Policial de Gorduras sem alteração. A partir dali eles tinham um segredo.

Tempos depois o cabo, sabendo-se fora risco que pede um particular com o sargento, sondando o porque de tal refresco e

Este lhe disse. - Não há precedentes seus nesse tipo de prática e tive que deixar passar pelo conjunto da obra. Afinal esteve bem até então e não creio que deixará que tal fato aconteça novamente, seguem em paz o seu caminho.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 07/06/2022
Reeditado em 11/06/2022
Código do texto: T7532934
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