O amanhã será diferente
Hoje vai ser melhor!
Aluísio diz para si mesmo, enquanto, bocejando, se ergue da cama. Nunca foi preguiçoso e disso se orgulha em demasia. A quem pergunta, declara categoricamente que com seus 10 anos de idade já ajudava o pai e o avô no plantio. Olha para o relógio, que o informa ser 04:30 da manhã. Está otimista; nova cidade, novo emprego, nova vida, nova chance. Enquanto procura os chinelos, faz planos para o futuro. "Agora sim, vai dar certo", reflete. Uma casinha, para chamar de lar, quem sabe até uma mulher para tomar como esposa. Perdido em pensamentos, perde meia hora. Por fim, se veste e corre para pegar o ônibus.
Aluísio chega em casa. O relógio marca 22:47. Ele, abatido, retira com desânimo a botina puída que o acompanhou durante o dia. O trabalho o esgotou, seus planos escoaram com o suor da labuta. Ele encara as mãos, com calos grotescos. Tira a roupa suja e encharcada, entra no banho. A água do chuveiro esconde suas lágrimas de decepção. Enquanto se prepara para dormir, já deitado, um pensamento esperançoso o invade.
Amanhã vai ser melhor.
Tem que ser.