O mistério da vila
Geraldo é um completo tapado, coitado. Até hoje consiste em um mistério, para os amigos e conhecidos, entender como ele conseguiu noiva para casar-se, mas de fato aconteceu e todos dizem que ele foi agraciado. Sua vítima foi Fernanda, pobrezinha. A bela mulher é prestativa e muito paciente com o marido. Em defesa dele, Fernanda até admite que ele é avoado, mas tem coração boníssimo e não liga de ser caçoado.
O primeiro filho do casal, Pedro, nasceu no hospital da vila. Houve uma complicação de baixo risco após o parto, e resulta deste fato que foi necessário alguns dias de internação para Fernanda e seu bebê.
Num mau dia, de terríveis dores, Fernanda esticou os braços para o marido e escarneceu: — Larga essa revista aí é vá trocar esse menino.
A frauda da criança estava carregada. O homem não pestanejou, jogou a revista em cima da mesa e com uma expressão ansiosa pegou o bebê e saiu do quarto sem dizer palavra.
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Hoje é o aniversário do Pedro, está completando dez aninhos. E enquanto o menino enche os pulmões de ar para apagar as velinhas que seu pai esta prestes a acender, Fernanda o observa com o coração transbordando de amor e os olhos chorosos de alegria. Mesmo diante de toda a festividade, os olhos úmidos de Fernanda pousam uma vez mais no sinal de nascença na testa do filho, sinal este que se assemelha um pouco com uma pequenina semente de mamão e sempre a intrigou.
É dito que uma mãe nunca esquece a primeira vez que coloca os olhos em seu bebê assim que o médico lhe entrega a criança e Fernanda confirma essa afirmação, porém, ela só não lembra do sinalzinho em formato de semente de mamão.
Mas é provável que sua amnésia ao sinal de nascença se deva as dores do parto, aos sentimentos exaltados e as medicações, correto? É o que a mulher sempre diz a si mesma, sempre.... Nestes momentos de dolorosas reflexões, as inabilidades de Geraldo emergem à consciência. Mas,..... Será?