Estação Ópera

 

        Eu acabara de chegar a Pais; era a minha primeira saída do hotel para caminhar pela tão famosa cidade luz.

        Eram dez horas da manhã, sai do pequeno hotel que ficava nas imediações da Opera de Paris e segui para a estação de metrô, iria em primeiro lugar visitar o arco do triunfo, desceria a avenida Champs Elysées até a Praça da Concórdia, e esticaria até o museu do Louvre.

        O movimento do metrô estava confortável, não apresentava aquele estresse da hora de pico, em que você nunca consegue embarcar no primeiro comboio.

        Eu nunca houvera ido a Paris antes, tudo para mim era novidade, andava devagar e bem despreocupado.

        Adentrado a estação “Opéra”, percebi que lá estavam cinco pessoas; duas mulheres, que pela tonalidade da pele e pela indumentária levavam jeito de serem francesas, uma mulher gorda de burca com um carrinho onde deveria estar um bebe; não me apurei para certificar, poderia até ser uma bomba, e mais dois homens.

        Um dos homens passeava de forma aflita em cima daquela faixa amarela que limita o acesso dos passageiros à pequena área onde só se deve acessar no momento do embarque. Falava consigo mesmo, sem atentar para mais ninguém.

        A placa luminosa da estação apontava que o próximo metrô chegaria dentro de sete minutos e por esse motivo eu me permiti sentar-me em um banco porque pretendia caminhar muito no meu tour.

        Eu não conseguia tirar os olhos do homem, me tornei empático a situação dele, deveria estar angustiado por algum problema, financeiro ou de família. Quem sabe fora despedido do trabalho?

        Era um sujeito alto e esguio com uma alvura de pele francesa, trajava calça e paletó azul marinho e uma camisa branca; não usava gravata.

        Próximo dele estava outro homem; também era branco, porém a pele não era tão clara, assemelhava-se a um português ou espanhol, ou quem sabe um italiano.

        Faltavam três minutos para o comboio do metrô chegar, marcava a placa da estação; quando de repente, o homem que caminhava chegou mais para a ponta e caiu, caiu na linha do metrô, que não tardaria a chegar.

        Tive o ímpeto de correr a auxiliá-lo, mas logo percebi que o outro homem já se havia prontificado a tanto, pulando da plataforma para a linha do metrô, de onde retirou do bolso do homem desacordado a carteira de dinheiro, colocou-a em seu bolso e saiu da zona de perigo, caminhando em direção a outras áreas da estação, sob a vista de todos nós apáticos.

        Neste momento o comboio chegou. Um funcionário do metrô entrou nos vagões para avisar aos passageiros que lá estavam que descessem pois uma pessoa havia se suicidado.

        Eu que não havia embarcado, por haver testemunhado o fato, voltei para pegar um ônibus, no entanto preferi retornar ao hotel para tentar esquecer tão dolorosa tragédia.

         Ainda tenho para mim, até hoje, que não aconteceu um suicídio; o homem caíra na linha sem pretensões de fazê-lo e desmaiou e seu irmão, muito humano, lhe surrupiou a carteira de dinheiro ao invés de ajudá-lo. 

        Os humanos são bem assim.

 

       

Luís Bacelar Vidal
Enviado por Luís Bacelar Vidal em 06/05/2022
Código do texto: T7510263
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