Eleição
O cigarro de palha entre os dedos. Do fumo plantado e colhido sem esperança. Do roçado e das pragas matadas a unha na noite de São João. De tão suja que só só terra restou . Já mortas não vão para cabeça. Não devemos abrir nossas janelas. As pragas entram novamente. O mundo está virado. Na cidade se manda e desmanda. O pai e três filhos, e o mais novo bonacheirão sorridente por aí desfila. Como pode isso ter acontecido. Só briga que não tem fim. Foram contra a luz do poste que os incomodava. Contra o vaivém da estrada da matinha. Decreto contra curvas sinuosas de estrada e do rio que entrou no fim. Mundo de Deus não é redondo. É plano! Uns toscos de dar dó. Um tempo para tossir. Outro para florir. Do escarro amarelo e profundo cujo o chão barrento manchava. A cada tragada era pura infelicidade. Contorcia o beiço e a língua de fora assoprava. O balé sincronizado entre beiço e língua, enquanto a farinha e a coxa do frango não esparramava sobre o chão. Etiqueta que herdara de Dona Jacinta. Pobres mas não porcos! Aliás eles lá vivem na pocilga! O gosto ruim do trago que lembrara o vinagre. Fumo ruim. Escarrava novamente com mais amargura. Era vítima da tristeza que assolara o coração dos homens daquele lugar. A solidão da perda dos tempos bons que se foram. Da luz que não alumia. Por ora, vento forte e estridente, enquanto a tramela se soltava do enferrujado prego. As mãos grossas amparava a janela e a testa enrugada. A certeza que tudo estava fora do lugar. Tiraram as curvas da estrada por capricho a primeira dama. Mais um sopro. Foi vento. Do cigarro, o sangue azul, da cianose e da lida diária, o homem comum. Das janelas que batiam num coro tedioso. Da serra chorona o vento trazia. Dos primeiros pingos amargurados a chuva miúda. A reluzente memória o insucesso mundano. Ano de mudança no arraial. Não podemos ficar como está! Queremos nossos rios sinuosos. Matar nossas pragas a unha, pois até isso de nós querem tirar.