MARIAS DE AÇO E GIRASSÓIS

     As estrelas cintilavam na noite, a lua estava linda e majestosa, a bruma se desfazia com o clarão da aurora, era um amanhecer fascinante, como há muito Maria não contemplava.

     Debruçada na varandinha de madeira polida, olhava atônita para a plantação de girassóis bem a frente de sua casa, aquele fascinante tapete verde e amarelo esperando o nascer do sol. Contemplando aquela vista, envolta no friozinho da madrugada, Maria deu-se ao luxo de sentir orgulho de si mesma.

     Enquanto se deleitava com aquela plantação de girassóis, a flor que amava, pensava em sua vida, nas batalhas que já venceu, nas lutas que travou tantas vezes em silêncio e nas vitórias que já conquistou.

     Naquele momento de profunda contemplação de si mesma, Maria se deu conta do quanto era guerreira e de como merecia cada milésimo de segundo daquele instante. Sentiu-se forte, especial e lembrou-se dos sacrifícios que fazia todos os dias por aqueles por quem era capaz de doar a própria vida.

     Cada girassol fazia-lhe lembrar das batalhas diárias, o trabalho, os filhos, os estudos, a casa e tudo que ela tinha que “dá conta” todos os dias. Quantos dias se sentia completamente exausta, quantas lágrimas teve que segurar para não mostrar fraqueza aos seus e outras despejou sozinha no quarto, tendo apenas o travesseiro como confidente. Mas, no dia seguinte, vestia seu melhor sorriso e saia para enfrentar com fé mais uma batalha.

     Os girassóis suscitavam nela a certeza de que mesmo em meio ao caos, nunca deixaria de procurar a luz, de cultivar a beleza do seu coração. Mesmo com todo sofrimento que passou na vida, nunca deixou de sorrir, de fazer o bem, e mesmo nos momentos em que precisava que alguém curasse suas feridas, cuidava da dor do outro.

     Perdida nessas reminiscências, Maria não percebeu que o dia já amanhecera, fitou incansavelmente os girassóis que ficavam mais belos ainda com aquele estupendo nascer do sol. Se deu conta do quanto era feliz, do quanto era grata a Deus pela força que carregava dentro de si e esboçou o mais belo dos sorrisos. Entrou, beijou as crianças que ainda dormiam e mais uma vez sentiu orgulho de si mesma. Olhou-se no espelho e percebeu o quanto era de aço e também de girassóis.

 

Uma homenagem para todas as Marias, guerreiras, que lutam todos os dias pelo seu lugar ao sol!!!

 

Josy Matos
Enviado por Josy Matos em 28/04/2022
Reeditado em 18/07/2024
Código do texto: T7504993
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