Recordações (BVIW)
Trago guardadas no peito
saudades da doce infância,
da vida com liberdade,
dos sonhos que realizei.
(Maria)
Versos composto no alpendre da casa dos avós, onde Maria voltou para relembrar o passado, cujas vivências lhe trazem belas recordações.
Foi no aconchego da vida rural, junto as belezas e as riquezas da natureza, onde “se plantando tudo dá”, que Maria viveu sua infância, brincou livre nos terreiros e caminhou por trilhas que a levavam por entre as plantações de milho, feijão, mandioca… até chegar nos poços artesianos para tomar banhos de cuia (artefato feito da cabaça - fruto das plantas dos gêneros Lagenaria e Cucurbita). Por onde passava ia colhendo frutos maduros, subindo nas árvores, ouvindo o canto dos pássaros, achando ninhos de passarinho e colhendo ovos de galinhas, muitos deles, escondidos em ninhos que os protegia das raposas.
Ah! Foi lá também que, nas cantorias de violas - nas noites de Lua cheia, Maria começou a sonhar com a felicidade, sabendo ela que tudo dependia de conquistar sua liberdade.
Na penumbra das noites estreladas, Maria, arrumada e perfumada, suspirava por um amor de contos de fada, a partir dos primeiros flertes e paixões que viveu na adolescência.
A vida de Maria ganhou novos rumos, mas ela manteve guardado no seu coração puro, as doces lembranças e os aprendizados de uma vida saudável, junto aos que a ensinaram o valor do amor, do respeito e da amizade.
Ao voltar para a cidade grande, Maria se despediu do lugar onde viveu até sua adolescência, compondo um poema:
”Trago guardadas no peito
As pessoas a quem amei
Por elas tenho respeito
Por ser o que me tornei.”
Iêda Chaves Freitas
26.04.20
Tema da semana: Trago guardado (conto)