Leleko, Lili e Lola (Cotidiano).
Leleko, Lili e Lola.
Lili é uma moça. Lola, uma cachorra.
Como ‘casal’ são novatos na vizinhança. Mas o barulho que fazem compara-se aos demais vizinhos em tempos úteis.
Leleko, resiliente, resiste, assiste, espia, ouve, atrás das paredes e, ainda, não desiste...
Morar de parede e meia tem seus devaneios, pensa Leleko. Assiste-se a tudo, sem assistir a nada, de fato.
E quem ousa afirmar que imaginação não é fato, de fato?
Voltando às cachorras.
Uma é amante de uns e de outros; de outras e de outros.
Muda de parceiro como se muda de roupa. Dizem, a literatura, que são ‘bi’, estes que assim amam. Amores estranhos, enfim.
Lola, sabe fazer, mas não sabe como e onde fazer, então faz em qualquer lugar, na calçada, na frente da porta dos vizinhos...
Às vezes, sua dona, passa fora dias. Os dejetos ficam por aí. Vizinhas outras, dão jeito, por vezes, quando está muito fedorento.
Lili chama Lola de filha. Em seus diálogos ‘humano-cachorrais’ tratam-se mãe-filha-mãe. Tempos difíceis de assumir por quem sempre pensou, e ainda pensa, que animais são lindos, mas cada qual no seu lugar.
Leleko, pensa consigo: - ainda sou um guri; um dia vou crescer e me adapto a este mundo e vou ter muitas Lilis e muitas Lolas, afinal, esse mundo está mesmo perdido...
Leleko, Lili e Lola, são felizes. Só não sabem o que é felicidade.