Homenagem - Odilon Mendes da Luz

Odilon Mendes da Luz foi o sexto filho do casal José Mendes da Silva Rezende (o Juca Mendes) – Laranjal/MG e de Dona Marcionila Braga da Luz (a Dona Neném) – Laje do Muriaé/RJ. Teve como berço uma casa cheia de músicos e mestres da música, pois seu pai, apaixonado por esta arte era o fundador da Sociedade Musical 2 de Fevereiro e mantinha em sua casa vários músicos e a Escola de Música onde seus filhos aprenderam cada um seu(s) instrumento(s) predileto(s) para comporem com dedicação o corpo de instrumentistas da referida banda.

Odilon o mais franzino da prole, foi também o mais audacioso, embora seu tipo físico de menino não combinasse muito, escolheu o pistom, sua grande paixão. Afilhado e protegido do Mestre e Maestro José Elias desenvolveu rapidamente nos seus estudos e mais tarde mostrou a afinidade que tinha para com este instrumento e a arte musical.

Homem da vida simples, começou trabalhando com o comerciante Joaquim de Oliveira, na casa Oliveira, e, mais tarde dedicou-se as atividades rurais. Ao mesmo tempo que na dureza do seu dia-a-dia trabalhava no rigor da lavoura, ao chegar em casa à tardinha não lhe faltava disposição para dar asas à arte que fazia parte da vida como pão de cada dia.

De sua vida em família pode-se dizer que foi exemplo de filho, de esposo e de pai, dedicando-se a todos ilimitadamente. Foi também muito comunicativo, alegre e expansivo, com bom número de bons e fiéis amigos.

Na história da música de Pirapetinga deixou sua modesta contribuição, participou desde menino da Banda 2 de Fevereiro ao lado de seu pai, irmãos e amigos. Mais tarde Odilon participou de conjuntos musicais formados em família com a irmã Odete Mendes (cantora e violonista), o irmão Osvaldo Mendes (mestre no violão-sete cordas e demais instrumentos), outro irmão Ophyr Mendes (clarinetista, maestro, compositor e arranjador), a irmã Olinda Mendes (violonista) e o irmão Olegário Mendes (violonista). Este conjunto abrilhantava festas e bailes nas fazendas das cidades e vizinhas. Com o tempo, sob a influência da música americana da época foi formada a “Phênix Jazz” na qual ele e seus irmãos ao lado de outros também deixaram um pouco de sua arte.

Participava de bailes de gala e carnavais na antiga Pirapetinga como também levava a arte da música local para além das nossas fronteiras animando festas diversas em outras cidades pois inúmeros eram os convites para contrato dada a qualidade do que ele e seus companheiros instrumentistas levavam, projetando o nome da nossa cidade lá fora como “terra da música” a que ele se referia com especial orgulho.

Fundou também a Pirapetinga Orquestra, ao lado do Maestro José de Castro e seu irmão Antônio de Castro, Lacy do Vico, Aldair Mendes Pereira, Hosenclever Pacheco, Paulo Pacheco, Nilo Pacheco, Maestro Lacinho, Oldemar Mendes (irmão, cantor e baterista) Olegário (irmão), Altamiro e José Carlos (filho do Altamiro). Mostrou aí, já mais maduro a sua arte na dedicação aos solos, quando como primeiro pistom deixou saudades pela delicadeza e sensibilidade das suas canções, sendo lembrado até hoje com carinho por muitos que o conheceram, admiraram e valorizaram o seu trabalho de instrumentista em dedicação máxima a esta arte nobre que é a música.

Na vida tudo tem o seu fim e o Odilon vem falecer precocemente aos quarente e seis anos de idade. Assim emudeceu o seu pistom e seus solos já não eram mais ouvidos na vizinhança, quando à tardinha ele chegava e diariamente fazia seus ensaios. Ficou sua lembrança alegre, ficaram também as recordações para todos que o conheceram e o amaram.

Ele, seu pai, seus irmãos e amigos músicos deixaram uma história na dedicação à arte musical de sua terra.

BANDA 2 DE FEVEREIRO – PIRAPETINGA/MG. (1912 a 1938)

CONJUNTO DE CORDAS IRMÃOS MENDES. (E) Odilon, Olinda, Odete e Oswaldo.