Diálogos virtuais entre irmãos

Gilberto Carvalho Pereira – Fortaleza, CE, 29 de março de 2022

Temos três filhos, hoje morando distantes um dos outros, somente um perto de nós. Uma, em Porto Velho e a outra em Portugal. O terceiro, em Fortaleza. Nesses tempos de redes sociais, conversamos quase diariamente, o que faz mitigar a saudade, pela distância. Às vezes o chat se dá entre dois, outras, entre três. Aos domingos, geralmente, combinamos uma “live”, envolvendo toda a família. Constitui-se uma festa!

Entre nós quase sempre usamos o WhatsApp para esses encontros virtuais. Isso nos mantêm mais próximos. Cada um tem seu endereço virtual próprio, mas também temos o grupo da família. Um não tem acesso ao diálogo do outro, se não houver permissão para isso. Até recentemente as conversas permaneciam assim, individuais. Muitos dos assuntos abordados nesses encontros, não eram do conhecimento dos outros, embora membros do mesmo grupo familiar.

Outro dia, como alerta sobre os cuidados exagerados que temos com os netos, filhos de nossos filhos, os três resolveram nos presentear com um de seus bate-papos, diretamente no grupo familiar, expondo nossas atitudes em relação a eles, quando adolescentes.

Os diálogos a seguir foram compartilhados pelos três filhos, no WhatsApp da família. O primeiro a se manifestar foi o Ricardo, que chamamos de Rico. Uma situação decorrente de algum malfeito protagonizado por ele, onde eu era o educador:

Rico:

— Não chora que apanha mais.

Renata - Rena, retruca:

— Vixe! Isso era o papai: se tirar a mão, vai levar mais duas.

Roberta - Ro, que saiu em minha defesa, contra-argumenta:

— Painho?? Quem batia era Mainha.

Rena rebate:

— Não em mim!

E completa:

— Quem batia de palmatória em mim e no Rico era papai! Com aquele negócio de engraxar o sapato dele. E a gente tinha que ficar com as mãos estendidas, se não...

Rico:

— Ele não lembra disso, Rena, kkk. Mas quem apanha, lembra.

Novamente Rena intervém, surpresa:

— Jura?????

Ro:

— Isso eu lembro!

Os diálogos envolvendo Uilma, a mãe, hoje alcunhada de Deda. Segundo Renata:

— Mamãe sempre mandava ajeitar a nossa postura. Ajeita essa coluna.

— Se eu for nesse armário e não estiver tudo arrumado, vou jogar tudo no chão.

Outras vezes eram argumentos, tais como:

— Você não é todo mundo... e se fosse eu?

O que Ro confirma.

Já Rico entra com esse:

—Tinha também: “eita” menino burro! Comigo!

Renata:

— Se chamar a mãe de doido vai pro inferno.

Renata:

— Meu pai era, não tenho dinheiro

Ricardo:

— E se chamasse de mentiroso (a)...

Roberta:

— Era pior!

Renata:

— Às vezes era só uma expressão: mentira... E a Deda, enfurecida, gritava: EU TÔ MENTINDO, MENINA???

Renata:

— Mas a gente perdoou tudo!! E amamos vocês demais. Os melhores pais do mundo!!!

Graças a Deus, nada que dissemos afetou a personalidade de nossos filhos. São, hoje, cidadãs e cidadão de caráter, ciosos de suas obrigações como mães e pai.

Gilberto Carvalho Pereira
Enviado por Gilberto Carvalho Pereira em 29/03/2022
Reeditado em 05/04/2022
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