O IMPONDERÁVEL

Meu irmão Odilon era sócio do Clube de Campo Santa Mônica, em Curitiba. Celso e eu morávamos em apartamento ao lado do seu e ele, frequentemente, nos convidava para almoçarmos com sua família, no clube, aos domingos. Não éramos sócios e somente podíamos entrar em sua companhia. Algumas vezes iam outros irmãos e sobrinhos e, também, nossa idosa mãe.

Odilon é muito sociável e comunicativo e logo fez amizade com o pessoal do restaurante do clube, particularmente, com os garçons. Havia um buffet com self service de saladas, legumes, massas e sobremesas. As carnes eram servidas nas mesas em sistema de rodízio. Graças à amizade, atenção especial era dada à nossa mesa.

Depois do almoço podíamos visitar áreas externas do clube, muito bonitas, arborizadas e floridas. Eram domingos muito especiais. Esses almoços acabaram porque mudamos de bairro e o irmão deixou de ser sócio do Santa Mônica e passou a frequentar outro clube na cidade, onde podia jogar golf, seu esporte preferido, bem mais perto de casa, pois o outro ficava longe da cidade.

Quando ainda íamos almoçar no Clube de Campo, certo domingo preferimos fazer um churrasco em uma churrasqueira, ao ar livre, sob as frondosas árvores, onde haviam muitas araucárias. Meu irmão tinha crianças, o Issamu, um garoto pequeno e Maria Kimie, que do carrinho de bebê acompanhava as atividades de preparação do almoço. Issamu levou uma bola que jogava de lá para cá e daqui para lá.

De repente, desprendeu-se um grosso galho de pinheiro que caiu com enorme estrondo justo onde o sobrinho brincava há poucos segundos. Podia tê-lo atingido em cheio, causado ferimentos graves e até a morte.

Ficamos todos sem fala, mentalmente agradecendo a Deus por nos ter livrado de uma tragédia. Chamo esse fato de o imponderável pois o galho não deu nenhum sinal de que estava para cair...

E o domingo, Graças a Deus, terminou alegremente, como costumava transcorrer.