MEU FILHO
“Quem é ele?” – “Meu filho!” – “Quando nasceu?” – “Há alguns anos! Do que me lembro foi mais ou menos assim:”
Certo homem de um país distante caminhava tranqüilo pelo caminho, quando ao longe avistou a figura de um menino loiro, barrigudinho que se aproximava com uma panela.
– Meu senhor me dê alguma coisa, preciso levar pra casa.
– Como você se chama?
– Meu nome é João, minha mãe está muito doente.
Desci do cavalo e resolvi acompanhar o menino até em casa, pois sou médico.
A habitação era velha, o telhado todo gasto, a porta de papelão. Entrei, uma senhora deitada na cama, suava de febre e tossia muito. Depois de uns rápidos exames, diagnostiquei: tuberculose – sem cura.
Os olhos azuis do garoto brilhavam ao vê a mãe daquele jeito. Suas mãos delicadas acariciavam a testa rugosa da senhora. “O que fazer?”
Tirei um remédio da bolsa e receitei na tentativa de aliviar a dor, virei, então para o menino e perguntei:
– Você tem parentes, alguém que possa cuidar de você?
– Não! Sou só no mundo!
Minha alma encheu-se tristeza, lembrei-me da infância no orfanato, da morte de meus pais, do abandono dos parentes.
Ali, naquela casa velha, tornei-me pai pela primeira vez.