LOBOS E LOBAS TRAVESTIDOS DE CORDEIROS

Prólogo

Esta é uma história verídica. Exceto pelas partes que foram inventadas por este projeto de escritor de meia-tigela. Ah! Um detalhe que é de bom grado lembrar. A ficção se baseia na realidade e vice-versa. – (Nota do Autor).

Trata-se este conto de lorpas e/ou lobos travestidos de cordeiros. Os instintos dos animais predadores passam a ser detectáveis quando passamos um tempo maior com eles ou mesmo quando os observamos com olhos mais atentos.

SERÁ QUE VALE O SACRIFÍCIO?

Será que ainda vale a pena ou o sacrifício de se apaixonar? Resolvi escrever sobre essa complexa pergunta, a qual sugere uma profunda reflexão. Sob minha ótica, não necessariamente verdadeira, a maioria das pessoas não sabe amar ou sequer se deixa amar. Estamos aqui tratando de pessoas covardes ou soberbas, inseguras e temerosas do fracasso nas relações interpessoais.

Ora, a ingratidão é filha da soberba. Nesse caso surge mais uma pergunta: O que a soberba tem em comum com a ingratidão? É que soberba é sinônimo de: orgulho, altivez, jactância, arrogância, sobranceria, presunção, prepotência e intolerância. É a intolerância o mal maior dos que não sabem amar ou se deixam amar.

SOBRE O NÃO SABER OU NÃO QUERER AMAR

Alguns líderes empresários, políticos e pessoas ignorantes por índoles tratam o negacionismo da Ciência como um escudo protetor de suas arrogâncias. No dia a dia deparamo-nos com pessoas que pensamos conhecer seus melhores propósitos, mas que, em verdade estão cegas e inacessíveis à razão.

Ouvimos saírem de suas bocas falsas notícias e argumentos que não foram pensados por elas, apenas repetidos sem qualquer tipo de reflexão. Parece-nos até que essas pessoas, que julgávamos conhecer, se transformaram em réplicas ambulantes, robôs de ideias formuladas por mentes mal-intencionadas ou assessores com mentes obstadas.

OS LOBOS TRAVESTIDOS DE CORDEIROS

Pessoas que não sabem amar estão a solta no planeta e são muito mais comuns do que, à primeira vista, podemos imaginar. Trata-se de lorpas na acepção da palavra mais rasteira ou lobos travestidos de cordeiros.

O fato é que a natureza original de cada um de nós sempre aparece; às vezes demoramos um pouco para perceber, mas ela aparece, sendo os sinais, quase sempre, subjetiveis.

Ora, sabemos que o subjetivismo é a doutrina filosófica que afirma que a verdade é a mentira individual. Cada sujeito teria a sua verdade. A ideia do sujeito é que projetaria o objeto.

O subjetivismo atribui a fonte de que cada um tem a sua própria verdade. Talvez, por esse motivo, seja impossível haver entendimento entre os que se digladiam defendendo, com unhas e dentes, suas mentiras como se fossem verdades.

MEU DICOTÔMICO HENRIQUE E ANALU

Um episódio interessante aconteceu com meu dicotômico Henrique e sua amante Analu (Nome fictício em respeito à privacidade da linda mulher casada). – (Nota do Autor).

HENRIQUE ALMEIDA – É advogado Pós-Graduado, economista, administrador e empresário bem-sucedido. Sempre que pode, faz consultoria jurídica, mas também presta serviços como fiscal auditor em empresas de menor porte (Até cem empregados). Na cidade de Campina Grande, PB, administra um escritório de advocacia onde trabalham advogados experientes e estagiários nas áreas: Criminal, civil, trabalhista, empresarial e previdenciária.

ANALU – Conheceu Henrique quando trabalhava em um açougue de propriedade de um seu bem-sucedido cunhado já falecido. Casada, mãe de três filhos, extremamente discreta, sabia o que queria quando se relacionava sexualmente com o seu felizardo escolhido.

Analu não aparenta ter mais do que trinta e cinco anos. Não gosta de se maquiar e suas vestes são sóbrias e recatadas. Certa ocasião, entre risos pudicos, disse entredentes a Henrique: “Entre quatro paredes tudo pode acontecer, inclusive nada.”.

DETALHES SOBRE ANALU

Embora seja religiosa, na cama, depois de algumas taças de vinho, Analu se transforma na poderosa e promíscua Messalina romana. Tem iniciativa, adora e não dispensa nas preliminares o sexo oral.

Num dos secretíssimos encontros com Henrique, depois de uma demorada e prazerosa felação, disse num sussurro quase inaudível: “Já era!”. – Referia-se ao engolir muito feliz, devido à absorção de generosa porção de selênio, num só gole, o néctar da vida mais conhecido por sêmen.

Essa é uma das razões pelas quais Analu adora fantasias de uniforme escolar, algemas, máscaras e prendedores de bicos de mamas. Por conveniências familiares, religiosas e culturais são “coisas proibidas”.

Esses brinquedos torna o ato sexual mais tentador e prazeroso. Nessa ocasião, entende e ensina pela prática: "Dor e prazer se unem para tornar mais íntimos e solidários o casal.". – Assim dizia, sibilante, a mulher-moça.

PALAVRAS DE ANALU

“A princípio acredito que todos têm preconceito sobre algumas práticas sexuais. Pessoas não deviam ser preconceituosas! As relações sexuais agressivas, permissivas, delicadas, violentas... Todas causam extremo prazer! A sintonia que se adquire com o tempo, entre os casais, não pode ser limitada, a não ser pelos hipócritas. Em busca de fina sintonia para alcançar o acme do prazer sexual o casal precisa ousar, tentar e inventar." – (SIC).

SERIA A BELA ANALU INTERESSEIRA?

Não sabe amar aquela pessoa que é incapaz de se colocar no lugar do outro. Pode ser, inclusive, que a pessoa sequer perceba sua incapacidade. E, é bem provável, em verdade, que caso se desse conta de seu olhar autocentrado, tampouco se importasse com as consequências que seus atos podem acarretar à vida de terceiros.

Não sabe amar o ser humano que permanece focado apenas em seus próprios interesses, e talvez, até em suas próprias dores, mas que se torna indiferente às necessidades do seu semelhante.

Embora essas pessoas não saibam amar, isso não significa que elas não sejam inteligentes e que, valendo-se da sua sagacidade, elas não sejam capazes de mimetizar comportamentos sociais que seriam aqueles que a sociedade espera delas.

Uns são mais espertos que outros e interpretam o papel politicamente correto, apenas para caber nas expectativas do outro e, com isso, ganharem sua confiança: fingem ser bons pais (mães), bons filhos e filhas e excelentes amantes.

Ocorre, todavia, uma sordidez hedionda e particular nos propósitos de quem teme inovar em busca do aperfeiçoamento do caráter.

A HISTÓRIA QUE HENRIQUE ME CONTOU

– Pasme você amigo. Pensei que estava “por cima da carne de contrafilé” (sic), mas aquela morena que você admirou numa apresentação rápida durante o coquetel na Concessionária Honda era uma verdadeira cretina disfarçada de pessoa do bem.

– Mas o que aconteceu amigo? Quer conversar sobre isso? – Do calçadão da Cardoso Vieira, sito em Campina Grande, PB, seguimos para um restaurante popular, local mais discreto, antes chamado "Chopp do Alemão", onde os chopes e cervejas são servidos supergeladas, quase a zero grau.

– Tudo estava bem. Eu estava enamorado da mulher dos lábios de mel, mas num dos nossos encontros, depois de um telefonema codificado, fui à clínica Santa Clara, local onde ela sempre deixava o carro com o GPS do celular ligado, mas o aparelho ficava no porta-luvas. No meu carro saiamos para o motel Delirius ou, às vezes, para a minha casa.

– Uma pergunta.... Posso? Por que o GPS ligado e o celular largado no porta-luvas do carro? – Perguntei, mas já desconfiava da resposta. O álibi da visita a uma clínica precisa ser convincente.

– Ah! Ela disse que fazendo assim o marido, caso resolvesse investigar o percurso dela, saberia apenas que ela saíra de sua casa para a clínica e vice-versa. O carro ficava na clínica e sairíamos juntos no meu carro. Como se não bastasse tal estratagema ela fazia algumas fotos com médicos, enfermeiras, pacientes e atendentes.

– Muito conveniente... Penso que sua mulher também de nada desconfiava. O que você inventava para sair à noite para ir ao encontro da Analu? – Perguntei curioso, talvez querendo adquirir essa experiência.

– Eu dizia que ia participar de uma reunião nos AA. Sabia que ela detestava aquelas, às vezes, exageradas confissões de culpas dos doentes alcoólatras. – (AA é uma referência aos Alcoólicos Anônimos. – Nota do Autor).

– Então você ficava livre para pegar a Analu da forma mais extravagante possível, isto é, deixavam emergirem de seus íntimos os instintos mais primitivos.... risos.

– Sim. Foi bom até quando entendi se tratar de uma rameira (sic) não diferente das demais de outrora com as quais me relacionei.

– Rameira? A bela Analu uma rameira? Como assim? Você não está exagerando? – Perguntei quase gritando.

– É que numa noite convidativa à uma permissividade mais forte e invasiva, ela chorando baixinho, mas de forma convulsiva, disse estar sendo extorquida por um cara da polícia. Segundo ela seria um agiota. Os juros eram altíssimos! Disse, ainda, que já estava devendo R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

– E....?

– Bom... Eu disse que se ela me dissesse o nome do agiota eu falaria com ele e resolveria a parada. Ora, você sabe que tenho suficientes argumentos para resolver esse tipo de imbróglio.

O resultado é que transamos de forma simples, em desacordo com o que eu havia planejado, isto é, eu houvera planejado beijos lascivos, mãos e dedos buliçosos, corpos em contato com vistas a se amalgamarem os fluidos corpóreos em um só.

– Depois desse não tão acalorado encontro houve outros? – Perguntei antes de emitir meu parecer final na conclusão desse insólito caso.

– Não. Vi-a uma outra vez num restaurante próximo de minha casa e me aproximando disse para me ligar naquele mesmo dia. Não ligou e nunca mais a vi.

Creio que se eu houvesse dado os R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) subliminarmente sugeridos tudo haveria sido diferente e até hoje eu ainda estaria comendo (sic) a vadia. – Concluiu Henrique demonstrando estar realmente furioso com a possível reprovável má intenção da senhora Analu.

MEU PARECER SOBRE A HISTÓRIA QUE OUVI

Não faz muito tempo escrevi um festejado texto onde eu dizia e perguntava: “Alguém lhe disse algo ruim sobre uma pessoa e o deixou em dúvida sobre o caráter dessa pessoa? Você acreditou? Cuidado! O princípio do contraditório é muito importante para dirimir dúvidas. Tente ouvir o suspeito (a) ou acusado (a)! Não acredite em quaisquer informes sem antes ouvir a pessoa de quem se disse algo bom ou ruim.”.

“Toda forma de saber nasce de uma dúvida. Duvide sempre! Não se esqueça do que já dizia Aristóteles: “A dúvida é o princípio da sabedoria”.

Entre verdades e mentiras há muitas dúvidas! Homens e mulheres, às vezes, independentes de suas experiências e idades se transmudam em LOBOS E LOBAS TRAVESTIDOS DE CORDEIROS.

A ESSÊNCIA DA FRAQUEZA HUMANA NESTE CONTO

O conto é um gênero literário marcado pela concisão. Tais narrativas têm, em geral, poucos personagens, espaço e tempo restritos e um conflito único. Opa! Preciso me policiar. Olhem eu de novo tentando ensinar aos meus notáveis leitores o significado da palavra “conto”.

Este conto, que não se apresenta de maneira habitual; raro, incomum; não me parece tão oposto à utilização das normas socioafetivas. O ser humano revê seus objetivos ao passar dos anos. Revê mais ainda ao se aproximar do inexorável desencarne ou quando uma oportunidade de se dar bem surge.

NÃO JULGO NEM TAMPOUCO CONDENO

Henrique é um idoso queimando suas últimas energias antes do desencarne. Analu uma jovem mulher que enxergou uma oportunidade para ganhar alguns reais e satisfazer suas necessidades econômico-sociais e/ou socioafetivas. Não os julgo nem os condeno! Quem quis levar vantagem sobre o outro? O ancião ainda não decrépito ou a mulher de seios fartos, rijos, e boca esfomeada?

A amante de meu dicotômico Henrique não é, creio, e/ou se comportou como uma prostituta ou rameira (entendo ser essa palavra muito chula, mas é a única que cabe nesse contexto). Se realmente isso ocorreu Analu é a essência da fraqueza humana por tentar abusar de um abstido ancião e por se deixar usar motivada pela cupidez.

Analu e outras pessoas que se comportam como tal.... É como um biltre de uma religião concorrente que desrespeita os princípios basilares nas relações socioafetivas; ofende a civilização e a decência quando desvaloriza as mulheres prostitutas que se vendem por necessidade econômica.

CONCLUSÃO

Infelizmente não poderei ouvir a versão da senhora Analu para lhe conceder o necessário benefício da dúvida. Não posso me esquecer do que dizia Aristóteles: “A dúvida é o princípio da sabedoria”.

Por outro lado, o meu amigo Henrique, por conta da idade, também merece uma condescendência justa. Ouvi-o e o aconselhei a ser mais cauteloso com as mulheres mais jovens. Entendo e ensino que afetividade ou sexo e hipossuficiência econômica dificilmente combinam. Haverá sempre divergência de interesses!

Enfim, ouso afirmar sem receio de errar: A gente morre um pouco naquele instante do dia que não volta mais ou quando somos acometidos pela cruel dúvida sobre a iminência de uma deslealdade em forma de golpe.

Por isso, cada dia tem que ser importante para os desrespeitosos, desleais, desonestos; pessoas que têm forte desvio de caráter, mas sobretudo para os inovadores que não temem o fracasso em uma relação entre um homem e uma mulher.