MEIA FINA
Trabalhávamos numa Empresa na época em que a maioria das funcionárias usavam meia fina para trabalhar.
Sapato alto, bico fino, saia justa, blazer, brincos de ouro, correntinha com pingente, cabelos ajeitados, perfume, de preferência, francês.
Parecíamos elegantes, perfumadas e sempre pronta a atender ao Chefe e ao andamento do Setor. Percebia-se competição nos trajes, nos serviços a executar, nos cargos e nas gratificações.
Andávamos pelos corredores, com um bom dia, boa tarde, as vezes um bate-papo com algum colega. Comentários sobre aumento, férias, abonos, viagens a serviço, e uma pitada sobre aquele colega insuportável.
Chegávamos em torno das oito, almoçávamos no trabalho e saímos as dezoito horas. A comida do restaurante era razoável, nas sextas-feiras, sempre feijoada. Ainda tínhamos, nossa Associação, que nos fornecia, salão de beleza e academia, que aproveitávamos na hora do almoço ou na saída do expediente.
Fazíamos as festas Juninas, Natalinas e ainda celebrávamos na Empresa o dia dos Pais, das Mães e das Crianças. Prezavam pela capacitação e o fortalecimento corporativo.
E assim os anos foram passando. Alguns colegas mudaram de emprego, outros de cidades, poucos faleceram.
Para os que ficaram uns foram promovidos, outros estacionaram. Trocaram as Chefias, acrescentaram outras tarefas, novas tecnologias, mudança de objetivos, metas a serem cumpridas com aumento da abrangência das áreas de atuação.
Muitos aprendizados, histórias, vitórias até que chegou a aposentadoria. Boas lembranças que deixaram saudades e só agradecimento por tudo.
E quanto as meias finas, as vezes um furo no meio do expediente, tinhamos uma base de esmalte para parar o desfiado ou outro par de meia para trocar.