A BONITONA

Agostinho conheceu Lucilene em uma festa do Centro Acadêmico de Engenharia. Ele cursava o penúltimo ano de Engenharia Civil na Universidade Federal do Paraná e costumava frequentar as baladas daquela instituição. Começaram a namorar e, em menos de um mês estavam morando juntos. O universitário, que ficara encantado com a beleza da moça, levou-a para a casa de sua mãe, onde ainda morava.

Dona Maria, a mãe de Agostinho, era pessoa calma e flexível e não se opôs ao arranjo. Mas...depois de algum tempo começou a perceber que o gênio e o caráter da jovem não eram exatamente o que ela esperava. O filho não se casou com Lucilene mas foram tocando a vida como se casados fossem. Ela também estudava, fazia Psicologia em outra universidade. A dona da casa foi logo percebendo que errara ao permitir que a moça mudasse para sua residência de mala e cuia. A jovem começou por hostilizar a sogra e seu mau caráter foi logo se revelando. Não ajudava em nada nos serviços domésticos. A pobre senhora cozinhava, lavava, faxinava...enquanto sua “hóspede” se comprazia em ficar refestelada no sofá, comendo de sua comida e usufruindo de seu trabalho de dona de casa já idosa.

Agostinho foi sentindo muito desconforto ao perceber que não dera o tempo necessário para conhecer sua parceira. Tratou de alugar um pequeno apartamento e para lá se mudaram. Nesse ínterim, a bonitona já estava grávida e Agostinho, exausto, dividindo-se entre a faculdade e um emprego que não lhe rendia o suficiente para sustentar a família. Entretanto, a beldade, mostrando-se cada vez mais exigente e descontente com a vida modesta que levavam, passou a maltratar também o marido.

O rapaz, não aguentando mais tanta pressão, decidiu-se pela separação, deixando-a morando no imóvel alugado, com o filho pequeno e voltou para a casa da mãe, infeliz, chateado, arrependido. Ficara tão encantado com a beleza que nem se dedicara a estudar seu comportamento. E a beleza que vira, fora sua ruína.

Hoje, graduado e casado de novo, é um homem mais cauteloso, mais experiente porém, irá carregar para a vida toda esse encosto, que agora usa o filho crescido para chantageá-lo, sempre ávida por dinheiro.