Aniversário do Odair, Amigos e Cachaças
Amigos se reúnem, mais uma vez, ao redor de uma churrasqueira, com muita bebida e muita conversa.
Amizades de faculdade, mas não de estudantes adolescentes, amigos um tanto mais maduros, dos 25 aos 45 anos. Amizades sem a volatilidade e a superficialidade dos jovens anos. Mas sempre com o comportamento adolescente nos encontros descompromissados.
Uma festa de aniversário, razão mais que suficiente para comemorações. Figuraça de aniversariante. Puliça, rechonchudo negro, Odair é a imagem da simpatia. Com aquele inconfundível sorriso de boca aberta, de orelha à orelha, permanente sorriso que nem aos maconheiros é possível manter sem cãibras absurdamente doloridas. Mas o Odair não. Ele nem usa drogas, exceto a nossa sagrada cervejinha, é claro. Tem o sorriso apenas como cartão de visita, de quem gosta de dar algo de bom aos outros, seu simpático sorriso como um presente aos amigos.
Figuraças reunidas, aos montes, de todos os tipos.
Walter, contador “respeitável”, ao menos para quem não o conhece direito, casara-se, enfim, com a mulher com quem já havia se casado de fato, há muito. E continua com seu jeito característico, completamente doido, falando sandices com um ar de seriedade e sua inconfundível voz de locutor de baile de zona. Incrível.
Júlio continua não sabendo fazer churrasco. Mas os compreensivos amigos continuam confiando-lhe a churrasqueira, talvez como prêmio de consolação pelo esforço todo. Dessa vez, parece que ele não bebeu o suficiente para ser colocado para dormir com o cachorro. Mas sua mulher não o perdeu de vista um único minuto também. Pudra, em nosso último encontro, lembro-me que ele estava imóvel, com aquele típico olhar de quem está entrando em coma alcoólica.
A minha sensação nesses momentos é de que Marx fora ouvido erroneamente por alguns, que acabaram entendendo e seguindo suas palavras como “cuzidos de todos os cantos, uni-vos”.
Liene, cuzida dos infernos, me carregou com ela e o Fábio para bebermos até as 10 da manhã. Maldita ressaca que já dura dois dias. Nem lembro se ela ao menos comeu roll-mops. Mas me deve essa.
Jordane e Letícia fugiram, acho que para não dar fiasco. Mas já estavam “no grau” as duas. Lembro que a Jordane promovera meus escritos para a Letícia, que chegou a ler algo e disse gostar. Pois bem, acho que depois desse, ambas mudarão de idéia.
Gostaria de saber quais as maldades que o Odair faz com o irmão dele, que sequer vi bebendo, nessas duas edições de tal festa. Apenas fica lá, trabalhando, lavando, arrumando, limpando. Pobre alma escravizada pelo irmão.
O Guarda Belo, Gláucio, nem sei direito o que houve com ele, pois me lembro dele chegando, mas depois não me lembro de tê-lo visto muito. Talvez porque não me lembro de muita coisa mais depois de certa hora.
Mari, heróica esposa do Walter, sempre em sua discrição absoluta. Mas com certeza, também estava cuzidinha.
Rúbia, a cuzida mor, dessa vez não deu fiasco. Nem vi quando ela foi embora também. Aliás, eu preciso para de tentar lembrar, em vão, dos momentos finais da festa.
Na verdade, eu, como o único homem de respeito, acho que era o único sóbrio de lá. Não vou continuar falando de todos. Os que deixaram de ser espinafrados aqui que agradeçam. Na próxima podem não ter a mesma sorte.
A única coisa que resta por dizer é: que possamos sempre repetir esse momentos magníficos, pois os amigos jamais devem se afastar uns dos outros, ou das cachaçadas em conjunto.
Aliás, era churrasco? Só me lembro de bebidas.