DOIS OVOS E QUASE UM INCÊNDIO
Celso e eu já estávamos a ponto de chamar os bombeiros porque a fumaça e o cheiro de queimado haviam invadido todo o andar e também nossa moradia.
Odilon, meu irmão, quando ainda solteiro, morava em um apartamento defronte ao nosso, no mesmo andar. Nesse final de tarde, ele havia colocado dois ovos para cozinhar, em uma grande caneca de alumínio, sobre a chama do fogão a gás. Tencionava comê-los no lanche, a seguir. Porém esqueceu-se deles, desceu para a garagem, pegou a bicicleta e foi dar uma volta, sem avisar ninguém.
Só percebemos o perigo quando começamos a sentir um cheiro de coisa queimada e a fumaça que saia por baixo da porta de sua cozinha e invadia o corredor. Chamamos por Odilon mas ele não atendeu. Nós o procuramos pelo prédio e nada. Havia saído.
Quando a situação estava ficando insustentável, eis que ele aparece, suado, afobado, assustado. Finalmente, lembrou-se dos ovos no fogo e veio pedalando, furiosamente Se tivesse demorado um pouco mais, encontraria sua porta arrombada e os bombeiros resolvendo a situação. Felizmente, o estrago foi só no fogão, que ficou meio chamuscado. A caneca de alumínio estava completamente preta e continha duas pequenas bolas de carvão em seu interior.
Abertas todas as janelas, a fumaça se dissipou. Mas o cheiro! Esse persistiu por, pelo menos, cerca de quinze dias. Foi um grande susto e uma experiência para não se repetir.