NO CONSULTÓRIO
O consultório em que atendia possuía uma luz natural até que boa, só que ela sempre acendia a lâmpada. Hoje não, o deixou em penumbra, como a espelhar seu estado de espírito. Sentia-se de ressaca sem ter bebido. No decorrer do dia foi atendendo seus pacientes no automático, assim como foi mediando os grupos. Foi apenas no final da tarde, no último acolhimento de psicologia do dia, que sua alma voltou ao seu corpo:
-Sabe dotôra, tô ruim, ruim mesmo. Mas agradeço por ser fraco. Meus irmãos que são mais fortes nunca viriam aqui pedir ajuda.
Seu impulso foi o de agarrá-lo e tascar-lhe um beijo. Mas se conteve. Só não podia disfarçar a nova luz em seus olhos.