EU SEI MATAR BARATAS.
Ontem tinha uma barata no meu quarto. Há seis anos eu não mato uma barata, logo nem preciso mencionar o pânico que me acometeu, mas matar uma barata é como andar de bicicleta, dizem. Fiquei por um tempo parada pensando em como cometer esse assassinato. A ideia inicial era o sapato. Dou-lhe uma sapatada e fim, resolvido o problema. Só que baratas sentem o perigo e antes que pudesse pegar de fato o sapato ela deu uma leve movimentada, como se comunicasse que não era boba e que de uma sapatada ela escaparia fácil. Pensei no inseticida, mas inseticida demora demais, ela iria fugir atordoada e acabar morrendo feito memória indesejada que só morre e se sedimenta onde não deve. Voltei para a ideia do sapato e sai do quarto meio de lado, como se barata ocupasse metade do quarto. Fui até a sala onde havia abandonado meu tênis, numa bagunça só sua que traz a paz de que onde vc deixar uma coisa, ali essa coisa permanecerá. Fui e voltei o mais rápido que pude, o que de fato foi bem rápido considerando a distância do quarto p sala, aliás considerando o tamainho da casa onde agora eu morava. Para minha surpresa a barata subia a parede ensandecida e veloz. Sim, eu matei a barata. Uma sapatada segura e esmagadora, literalmente. Eca. A questão é que esse texto não é sobre baratas, nem sobre como é lógico que nós mulheres conseguimos lidar com isso mto melhor que os homens. A questão aqui é pq eu deixei de matar as baratas...Por que eu ilusionei que tinha pavor de matar baratas e sempre pedia ajuda quando ocasionalmente aparecia uma. Uma vez apareceram 32. A questão é sobre o que mais eu ilusionei... Que caminhos e direções não me tiveram .... Não que eu ache que negligenciei minha vida e fiquei parada no tempo, não. Eu não teria como achar isso. A questão é que EU SEI MATAR BARATAS.