DOS NOMES
Não é que faltasse amor, nem veneração, nem fidelidade, mas confundia os nomes, de modo cada vez mais acentuado. Chamava Maria de Martha. Luiza de Luzia. Verônica de Berenice. Distraia-se. Ou esquecia mesmo, assim como jamais sabia onde deixara as chaves, os óculos, ou se lembrava do que fora comprar no supermercado, ou que o levara apressado do quarto para a cozinha. Rosilda ou Rosália? Alice ou Antônia? As amadas não perdoam, partem para nunca mais. O nome que deve ser único, pronunciado como mantra a cada instante, elas diziam, em tom de desagravo. Quem partiu? Betânia ou Bianca? Quem habita seu coração, em noite de Natal ou São João? Ismênia ou Ismália? Por via das muitas dúvidas, só a chamará de meu amor. Ou minha flor?