Barbicacho
Barbicacho.
Um homem velho vestindo bombachas muito usadas e cheias de remendos, calçando alpargatas de pano, um colete preto e o chapéu desabado, com uma gaita de botões a tira colo, encontrou lugar ao lado de um sujeito mau encarado vestindo bombachas brancas, camisa vermelha, o chapéu de abas grandes, jogado para a nuca preso por um barbicacho bem grande e muito bem feito de couro trançado com um bonito nó na ponta, o cigarro de palha no canto da boca e olhar atravessado. O gaiteiro sentou contando:
-- Dá licença? Sou Gaiteiro do Alegrete. Vou tocá em Porto Alegre na rádia, na Rádia Farroupilha...
O do barbicacho bonito sacudiu a mão e levantou resmungando:
-- Pois eu venho do Quarai e para mim aqui é um vagão de trem e não um salão de baile. Passe bem seu...
O Gaiteiro do Alegrete sacudiu a mão e resmungou:
-- Vai o Barbicacho do Quarai!
Foi procurar outro lugar.
• Texto do E-Livro: Um Cadáver no Último Vagão do Noturno de Santa Maria. “Publicado aqui no Recanto das Letras, nessa página”.