A APARENCIA NÃO MOSTRA SER - ( depoimento político )

A narrativa que vamos acompanhar foi extraída do livro “ Da peste, do contágio” autor: Mello Moraes – publicado em 1873 no Rio de Janeiro – Alexandre José Mello de Moraes.

Neste livro o autor faz um depoimento a seu filho Alexandre José de Mello Moraes, biografia real da sua vida de médico, historiador e político. No texto ele faz críticas a políticos brasileiros na época do Império.

“Formado em medicina, atirei-me à prática com feliz resultado, e logo no começo da minha carreira literária, dedicando-me à imprensa periódica, da literatura passei à política, e ultimamente toquei a tudo que é ciência.”

“Este tudo não me embaraçou, porque para tudo estava preparado. No meio de tudo existia a política, olhei para ela e abraçando-a, encontrei espinhos e selva amargosa. Não recuei, porque desejava conhecer-lhe o âmago e depois que isto, consegui, reconheci que aqui no nosso país, para ser político é necessário perder a vergonha, e não possuir os brios de homem de pudor.”

“A escada por onde sobem os políticos da nossa terra, aos lugares eminentes da sociedade brasileira, é a da humilhação, enfeitada pelos adornos dos empenhos, das intrigas e sustentada pelas mãos da baixeza; e quem não é humilhado e nem se agacha nada consegue, porque não pode subir.”

“A escada que a Constituição do Império preparou e ofereceu aos brasileiros tem por degraus o saber, a capacidade, e as virtudes com preferência os que tiveram feito serviços à pátria. São poucos, meu filho, os homens de mérito real no nosso país que chegarão às posições eminentes da sociedade, sem que não tenham sido corrompidos pelo tráfico de influência, sem trair e sem cometer baixezas.”

MEUS COMENTÁRIOS:

Com tão claras afirmações de Mello Moraes à seu filho naquela época, já demonstra hoje que sempre existiram mazelas de corrupções, traições e pouco caráter digno do homem político.

“Procurando um meio honesto de viver, para manter-se com dignidade, não conspira e nem enreda a sociedade para usufruir a fortuna pública.” Só esses dizeres demonstra o caráter e dignidade do autor.

A chaga de CORRUPÇÃO hoje na política está maior do que na época do Império, pós havia poucos homens na política e muitos servidores no Império. Não há comparações em termos de administração pública em épocas tão distante. Mas, podemos analisar o caráter do homem público. Claro que não é agravando a todos, seria uma temeridade da minha parte, mas é forçado a admitir que hoje mais do que nunca os políticos vão legislar em causas próprias com meras exceções. O quadro negro mostra isto, e não sabemos quando haverá mudanças no comportamento dos eleitores. Porque são eles os principais creditícios dos políticos e os mais ingênuos colaboradores do erário públicos.

Devemos abrir mais os olhos, ouvir mais e compactuar menos na hora de votar. Não ser cúmplice de políticos a maioria leva na consciência o germe da corrupção, a ganância pelo poder e o desamor pela Pátria. Fazem uso da Democracia como pano de palco para cobrir os verdadeiros interesses pessoais.

“Pode enganar um povo algum tempo; mas não se pode enganar o povo todo tempo”. ( frases de Abraão Lincolin ).

Álvaro B. Marques

07.10.2007