LEMBRANÇA DA CASA VELHA DO CANTEIRO

Minha memória guarda uma história.

Um passado de glória que os anos não trazem mais.

Faltava luxo, mas sobrava amor...

A casa antiga já se deteriorando, recoberta pelas palhas. A ruralidade de nossa vivência bem longe dos holofotes da cidade grande. A naturalidade das vestes de mãe Carmelita em seu assento costumeiro.

O sorriso marcado pelos anos e o coro tão judiado pela vida não deixavam transparecer a forma simples e tão pura de me amar. Ainda lembro do seu tricotar diário que em uma de suas criações, nasceu a minha manta que carrego com tanta leveza. E eu ao seu lado direito eu descansava em paz, sempre ouvinte da sabedoria que me pregava.

Contemplando carinho com seus cabelos brancos, o canteiro florado era sua maravilha diária. O verde intruso e vitorioso.

Na cozinha da velha casa, minhas narinas se alegravam. O bolo de chocolate com calda de caramelo era sagrado em nosso humilde lar. Antes da degustação, uma oração em agradecimento por nossa morada em clima de paz.

Eu bem queria continuar ali, mas o destino quis então me contrariar.

E o olhar de mãe Carmelita eu deixei chorando a me abençoar.

Lírio Reluzente
Enviado por Lírio Reluzente em 13/12/2021
Reeditado em 31/03/2022
Código do texto: T7406250
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