Caramelo Bom de Bico
Dnª Maricota tinha uma mão divina, das suas mãos sairam gostosos doces. Na praça perto do colégio, sempre estava ela com o seu tabuleiro, com panos muito alvos e bem arrumados, repleto de doces, cada um mais saborosos do que o outro.
Quando acabava às aulas, eu e mais dois colegas íamos depressa ao encontro dessa boa quituteira. Mas, sempre éramos cercado por outros colegas. Era aí que iniciava a nossa disputa para comprar o famoso "pé de moleque", terminando havendo brigas entre os compradores. E a voz de Dnª Maricota se fazia mais alta, para acalmar e separar os briguentos. Havia outras iguarias também muito disputado para consolo daqueles que não puderam comprar o "pé de moleque". Como por exemplo; o caramelo recheado de chocolate, chamado pelos meninos de "bico de peito de moça" ou "caramelo bom de bico", era um verdadeiro manjar dos deuses Olympicos.
Em espaço de meia hora, o tabuleiro de Dnª Maricota estava completamente vazio e nós com ás mãos e as bocas lambuzadas há desejar mais. Assim, eram todos os dias que tivessemos aulas e quando não tinhamos desejávamos ter, só para merendar as guloseimas de Dnª Maricota.
Durante o período escolar, naquele colégio, fazia o chamado Primário e frequentei o tabuleiro da praça e no final da conclusão do curso, tivemos a perda de Dnª Maricota. Foi um dia muito triste, a praça ficou vazia e não houve mais o reboliço dos meninos no local. Sua imagem e o seu tabuleiro ficaram na lembrança e as suas iguarias não mais tivemos sabores iguais.
Certas pessoas deixam suas marcas em vida e após morte em diversas maneiras: na personalidade em cárater, na arte, na ciência, na história, na medicina, na literatura, na música, etc. Mas, quando se trata de culinária, sabor, tem sua autenticidade iniqualável e o tempo não perde o agradável sabor. São essas e outras lembranças, chamado o "bom da vida" que eu classifico doce da vida. Porque são lembradas em doces recordações de momentos passados, únicos. Vivemos sem saber o que estar reservado no futuro, talvez encontraremos outro doce com a mesma aparência, mais não com o mesmo sabor de "caramelo bom de bico" e jamais outras mãos de fada como as de Dnª Maricota.
Álvaro B. Marques- Batacoto