O Arco Iris

26.11.21

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Hoje à tarde caiu aqui um tremendo “toró”. Rápido, pesado e denso, como se São Pedro despejasse água de uma só vez de um balde. Essas breves e fortes pancadas, típicas do verão, mostram que a primavera esta chegando ao fim, pois estamos iniciando dezembro. Tempo das chuvas volumosas e passageiras, refrescantes.

Ela começou com sol ainda, e me lembrei do que falava quando criança ao presenciar essa situação: sol e chuva, casamento de viúva, imaginando na nossa meninice, que alguma viúva se casava naquele momento, motivo da chuva momentânea.

Estava no andar térreo da minha casa e subi ao mezanino para vê-la cair. Gosto de apreciar a sua beleza bruta, suas nuvens cinza escuro, o vento. E o seu barulho, o que acho o mais gostoso, pois ao ouvi-lo, sob o resguardo e no aconchego e segurança da nossa casa, é reconfortante. E à noite então, durante o nosso sono, acordando com o som dos trovões e relâmpagos iluminando a janela, melhor fica ao nos aninharmos nas cobertas sob o descarregar das águas. Uma delícia.

Bem, ao chegar ao andar de cima com o seu enorme janelão envidraçado e toda a visão da praia – mais parecendo estar na ponte de comando de um navio, vejo no horizonte um perfeito arco íris: uma meia lua colorida, com inicio e fim definidos nas águas revoltas do mar. A chuva estava se indo, anunciava a sua presença com o seu degrade colorido vivo e forte, como uma coroa soberana sobre o mar. Fiquei um tempo ali observando essa beleza que a natureza me proporcionava. Uma maravilha de fato.

Então, lembrei-me novamente de menino, da historia, ou fabula de que, nas extremidades de um arco íris, há um enorme tesouro em um pote de ouro, vendo que uma das suas pernas mergulhava nas águas cinzentas do oceano. Senti, infantilmente, vontade de ir até lá verificar. Quem sabe...

Nunca me preocupara em saber como surgira essa lenda, e hoje, ao vê-lo exuberante e perfeito, fez-me procurar sua origem.

Fui à internet e descobri que deriva de uma lenda cigana. Povo nômade e muito ligado ao uso de peças de ouro – se adornam com muitos colares e pulseiras, como têm dentes deste material. Vivem se deslocando sem destino definido, acampam em grupos e são perseguidos e execrados em todos os locais por onde passam. Assim, resumidamente, segue o que descobri :

“Uma linda cigana gravida e cansada desta situação nômade e de perseguições e extermínio, vendo um arco íris, rogou com força que acabasse esse martírio do seu povo, para que, o seu filho ao nascer, ter um mundo melhor e não vir a ser morto. Ajoelhada e chorando, aguardou um sinal, ou resposta para a sua prece, percebendo que as cores do arco íris começaram a vibrar, emitindo sons como pequenos sinos. Então, uma voz surgiu dizendo-lhe para ter calma, que não perderia a criança que era o seu tesouro. Disse-lhe:

- Essa criança fará com que as minhas cores ganhem vida em suas mãos, e receberá para si e todas as futuras gerações, muitas moedas de ouro, pois vou lhe oferecer o pote encantado que trago comigo, assim como toda a sua magia. Essa lenda espalhou-se pelo mundo, pela crença de que existe um pote de ouro inesgotável ao final de um arco íris. Também é símbolo de nova esperança, já que se projeta no céu logo após uma tempestade. ” *

Muito interessante, não imaginava que viesse dos ciganos, pensava ser originária da crença católica dos sinais divinos no céu, da bem aventurança, pois depois da tempestade, sempre vem a bonança. A fábula tem também esse cunho supersticioso.

O arco íris se esvaía, a chuva passava, as nuvens dissipavam. O sol apareceu com a sua luz calma e tranquilizante. O fim de tarde se descortinou a minha frente. Mais um privilégio se apresentou para mim.

Vendo esse lindo cenário, lembrei-me de outra fala da minha infância: chuva e sol, casamento de espanhol. Será que algum espanhol está se casando agora? Provavelmente...

*“A Lenda do Arco Iris” - site Mariazita – Estórias de Encantar

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 26/11/2021
Reeditado em 26/11/2021
Código do texto: T7394587
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