Uma Típica Cena Alemã
24.11.21
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Os alemães, como os seus descendentes, têm um grande problema de dicção ao falar o nosso querido e característico português. Trocam certas letras, pois a morfologia das línguas é muito diferente, apesar de ter algumas palavras com origem no latim e grego, como a nossa.
Assim, por este problema linguístico, um fato hilário aconteceu com a minha esposa, ao visitar em um fim de semana um parente - a irmã da mulher de um dos seus irmãos, moradora em praia distante cerca de oitenta quilômetros da nossa casa em Florianópolis.
Eu viajara de moto para São Paulo, e ela, para não ficar sozinha naqueles dias, decidiu ir visitá-la.
Chegou sábado à tarde, e foi recebida pela parenta com gentileza e alegria, mais velha, mas ativa e decidida como são as alemãs.
- Tudo pão? – disse ela no seu sotaque característico, à porta da casa.
- Tudo, e você? - tirando as malas do carro.
Uma das peculiaridades dos descendentes alemães aqui ao falar a nossa língua, de trocar o “b” pelo “p” , como o “c” pelo “g” , inclusive, há muitas piadas sobre esse fato que eles contam , como por exemplo:
Uma mulher estava vendendo pão e cuca – a típica torta alemã, na rua de uma cidade pequena de descendentes germânicos, quando passa um homem e lhe pergunta: - Tudo pão (bão)? , e a mulher responde – Tem cuca tampém !
Ela se instalou no quarto de hospedes da casa , jantaram e ficaram conversando à mesa, mas logo foi dormir, pois estava cansada da viagem.
Dia seguinte, cedo se levanta, e depois da toalete vai até a cozinha, onde estão a dona da casa e o marido - que não mora na mesma casa e é brasileiro (convivem separados de fato), esperando-a para o desjejum:
-Pom dia – questionou a anfitriã.
-Bom dia !
-Dormiu pem?
-Sim, muito bem, e vocês?
-Pem tampém – com o marido mudo, acenando afirmativamente com a cabeça.
A mesa estava lautamente servida, com café, leite ( adoram café com leite, acho que deve ser a segunda bebida que mais gostam, depois da cerveja, pois nunca vi como bebem esta mistura), pães caseiros, manteiga bem amarela, geleia (shimia para eles), cuca, linguiça defumada; um típico café da manhã alemão.
Minha mulher arregalou os olhos, e feliz com aquele banquete a sua frente, se serviu de café com leite. A senhora pegava um queijo da colônia na despensa, indo se sentar, quando perguntou ao marido:
-Focê já gagou hoje? Eu nom gaguei ainda! – falou incomodada pelo fato, sem qualquer cerimonia, no jeito cru e direto dos teutônicos.
-Já – disse o marido.
Minha mulher ficou alguns instantes tentando entender se era aquilo mesmo que ouvira. Começou a rir. Tentou esconder o sorriso, mas não conseguiu, tossindo com a caneca nas mãos junto a sua boca para disfarçar. A parenta voltou-se para ela:
-Eu gago todo dia no mesma hora, um reloginha o meu parriga, mas hoje nom, nom sei o que agonteceu. Ah, e focê?
-Eu? – respondeu surpresa.
-Já gagou?
-Ainda não!
-Ah pom, tem tempo ainda, nom – servindo pedaços do queijo, ou nacos, para a sua convidada calmamente.
Seguiram conversando...Uma típica cena alemã.