Conto Meus Seis Anos

Conto

Meus Seis Anos

Como filho único sempre a brincar sozinho ficava.

Minha rotina era após estudar na escola de manhã,

almoçar e ir brincar com brinquedos que inventava.

Recorta de revistas objetos colava em papelão qua arrumava.

Colocava pezinhos dobrando uma aba do papelão para frente e outra para trás...

Construía tudo que havia numa cidade, casas, ruas, pessoas e objetos e tudo que for capaz...

O chão do quarto de hóspedes virava uma cidade...

Com casas visualizadas por dentro,

fazia ônibus e carros de papelão, semáforos e pessoas que subiam e desciam a cada ponto de ônibus,

presentes na minha mocidade...

Usava massa de modelar para construir objetos pequenos, como xícaras e copos,

difíceis de fazer e um tanto estressantes...

Pedras que colecionava junto ao rio com massa colante viravam pontes e estruturas interessantes....

Nunca usei brinquedos comprados, sempre construí os meus com ripas.....

Madeira, palitos de sorvete, espetos de carne de bambu,

bambu era vendido em papelarias,

cortado fininho para pipas....

Tudo para mim era usado em construções....

Meus primeiros cortes na mão com facas e tesouras foi provocado assim,

nestas ações....

Joelho ralado com o carrinho de rolimã que fiz....

Descendo a ladeira

crianças antigamente se machucavam bastante,

mas eram brincadeiras raiz....

Brincadeiras inocentes e muitas construções feitas.

Ao cair da tarde para noite até dormir lia-se livros,

e de comidas não se faziam desfeitas.

A TV só começou no Brasil após meus seis anos,

computador nem em sonho,

telefone era de rico,

só na mercearia para ligar....

Se escrevia muito e cartas eram o grande meio para longiquamente se conversar...

Quando a Tv surgiu quem a tinha,

abria a janela e os vizinhos podiam por ela a noite olhar...

Virou tradição no bairro,

com quem a conseguia comprar....

E muitos vizinhos,

na janela a aglutinar...

Bons tempos que não voltam mais,

onde no mundo havia respeito...

Podia andar tranquilo e brincar a noite na rua,

tudo se arrumava um jeito....

Os pais colocavam cadeiras na calçada,

e com os vizinhos conversavam ...

No rádio musicam tocavam...

Grande fonte de informação,

que diariamente nos assolavam....

Quase nada daquela época existe mais....

Ficou só na memória de uma criança,

que hoje adulto recorda com carinho do tempo que ficou para trás...

E nunca mais voltará.....

Só na lembrança ficará.....

@Carlos Alberto Mancin

12/07/1978