Canto insone do sabiá e ela.
Ela, se mexe na cama sentindo seu corpo,despertando dolorido.
O sabiá insone a desperta na madrugada,com seu canto triste.Ela, também sente saudades.
Se vira para o outro lado,e o desconforto da dor do seu corpo a faz se irritar com aquele canto do sabiá,ela mentalmente o manda se calar.
Não quer acordar,sua solidão, que antes amava,hoje a incomoda.
Dormita acordada,se esforça por um sono profundo,a realidade dói,mas o sabiá,parece querer companhia na sua solidão.
O dia vem clarea aos pouquinhos,outros pássaros gorjeiam, uma orquestra onde cada um canta num idioma,mas o incrível é que harmonizam, formando canções inéditas,o universo é musical.
Ela espreguiça,forçando cada músculo,relaxa e ora com gratidão,entendendo que a vida é o que é.
Coloca os pés no chão e compara a um barquinho ao sabor das águas do rio, o seu dia.
Navega as horas curtindo umas,apressando outras.
Seus pensamentos brotam sem permissão,quando consegue o controle consegue não pensa nele uns minutos.
Descuida e sua imaginação percorre os traços de seu rosto que ela conhece bem,mesmo sem saboreá-los.Sorri quando lembra de seu cuidado com palavrões,gosta desse carinho dele.
Sua rotina continua,como remasse sempre para um ponto imóvel no horizonte.
O cheiro do café,o perfume dos produtos de limpeza,o cheiro do alho,o barulho conhecido da sua máquina de costura.Procura ocupar seu tempo,é inquieta e o trabalho criativo lhe dá essa falsa calma.
As vezes conversa com sua gata,outras com seu computador.
Algumas vezes se perde em lembranças,na calmaria do seu barquinho,uma pedra a desviar a tráz a sua realidade insípida.
Sua mente sempre foge do seu comando e mostra imagens do seu futuro,ela gosta,sonha e se entrega ao devaneio.
Ele no portão,com seu sorriso gostoso lhe acenando,ela corre sem respirar e se joga nos braços amado,respira,retorna a vida e ralha consigo que não é tempo de sonhos,se diz.
As horas passam mornas e rápidas,as vezes chove,as vezes calor,ou frio e os pássaros barulhentos agora,começam a voltar para seus ninhos.
O ocaso chega impondo a noite devagarinho,natureza caprichosa,a cada dia muda o cenário do céu,talvez para que tenhamos a ilusão de novidade,com ou sem as tempestades.
O barquinho ancora no seu porto seguro.
Ela, toma seu banho, pensando nele,se perfuma,coloca uma roupa leve e bonita,escova seus cabelos e se entrega ao descanso .
A noite caprichosa toma aos pouco a luz do dia,como se fizessem amor sem pressa.Ela relaxa seu corpo nos lençóis cheirosos, aflita pelo calor de quem ama,se entrega aos longos sonhos.
Desperta com o insistente canto triste do sabiá na madrugada de mais um dia sem ele, o barquinho a espera...
Coisas de Regina