A Espera
– A noiva, finalmente!
Depois de um atraso de vinte minutos, Serafina entra na igreja com um longo vestido de renda gripir. O noivo a princípio encara Serafina nos olhos e depois a mede de alto a baixo, imaginando o quanto teria a noiva gastado em um vestido como aquele. Não era dado a conhecer a moda, mas a beleza do vestido não podia passar desapercebido, logo concluiu ter custado uma soma considerável.
Casaram-se e as economias da moça foram todas para o pagamento das despejas do casamento.
O marido não era dado a pachorra do trabalho, mas gostava da boa vida. Serafina despendia grande esforço entre o trabalho remunerado e as atividades de casa.
Em um ano de casados o marido dizia que não encontrava trabalho e Serafina entendia as dificuldades do mercado de trabalho. Até preferia ter o marido por perto, não se importava de ser a única provedora da casa.
Até que numa manhã de março, o marido cismou que queria comer sonhos da padaria. O café com bolo feito pela esposa já não aguçava mais o seu paladar. Depois de pedir o dinheiro a Serafina, saiu em direção a panificadora.
A esposa coou a café e esperou o marido para juntos se sentarem a mesa. Passaram-se meia hora. A padaria era na esquina e pensou que o marido pudesse ter se entretido com algum conhecido. Mais meia hora se passou e Serafina incomodada foi verificar o que estava ocorrendo.
O dono da padaria garantiu que o marido dela não havia entrado em seu estabelecimento aquela manhã e até suspeitou que o freguês estivesse se bandeado para a concorrência.
Saindo a rua, Serafina foi indagando a vizinhança se haviam avistado Romeu naquela manhã. Passou em todos os estabelecimentos comerciais que ele costumava frequentar, mas em vão. Nenhum sinal, ninguém dava notícias dele.