Luz Que Não Se Apaga - Jesuino, Taquarinha E Arredores
( Poesia Recitada - H014 )
Roda, roda, roda, ônibus,
Distante-cidade a ir, a ir, a ir...
Campos surgem, tantos, tantos...
Em cansaço apercebido, mas feliz!
É puro ar que me embriaga...
Num breve esquecimento, navego...
Montanhas que me são encantos,
Tornam nublados meus olhos da preguiça,
Que se adornam das mais puras emoções...
Levam, então, mensagem lindas,
Enlaçando todo, o meu coração...
Balança, balança todo, no meu assento...
Brincam, também, meus sorrisos,
Agora, livres, sinceros, alheios e amigos,
Sem medir a quem, porque, para quê...
Passam matas, pinheiros, flores...
O leve ar me torna uma pena,
Leve ser a dialogar sem força,
A tagarelar sem a desconfiança,
A desengarrafar a fé, a esperança...
É automático bom dia, boa tarde, até logo...
Na permuta precisa, tão nítida... garantida...
Aqui no percurso de uma estrada, fico...
Roda, roda, roda, ônibus a se ir... se ir...
Sigo caminho a outro destino... Jesuíno...
Folhas trituram-se sob meus pés...
Perfumes da natureza se exalam gratuitamente...
Passam boiadas... abrigos... lombas... gentes...
Saudações infalíveis em rostos singelos...
Vencidos quilômetros... suor caindo...
Também o cansaço se torna doce, qual a cana...
Cantos dos pássaros me são acalentos...
Bem diferente do cansaço que quer descanso...
Povo hospitaleiro... gente da nossa gente...
Parece-me que são somente eles, o povo raiz!
Distantes para que tenhamos que buscar...
Vamos entrando, a casa é sua: A senha!
Seus corações se abrem, qual rosas...
Sou como a felicidade, adentrando na casa...
Dizem-me, realmente, que a alegria existe...
Panelas se assentam, uma a uma...
O fogão a lenha abriga-as, abrasando-se,
Assim como os pratos esparramados, da forma, ordenados...
A mesa enfeitada por toda a sua dimensão,
No acalorado aprumado dos anfitriões...
Que sabor, que delícia, o que vem da fonte!
Nada dos produtos químicos: Tudo do local!
Suor de trabalhos e do principal do momento:
Satisfação de fazer o visitante satisfeito!
Farinha, frutas, verduras, pão, a refeição...
Banho no rio, pelo calor, ardente, do sol!
Banho nu, distante, entre árvores e folhagens espessas.
Liberdade cercada de respeito,
Acobertado de carinho, paz, sem falsas paisagens...
A vida que parece verdadeiramente uma vida...
Basta seguir e praticar a humildade,
Balizar-se na natureza e contagiar...
Espelhar-se na hospitalidade desta gente,
Que recebe, mesmo estranhos, com muita alegria,
Que vivem Nosso Deus, gratificando a jornada,
Com a simples frase, que nos deixa de legado:
Aquele que cuida daquele, do outro, com muito Amor,
Está, eternamente, preocupado em cuidar de mim...
Roda, roda, roda, ônibus,
Quilômetros de estradas eu deixo,
Mas reservo sempre as lembranças,
Dos verdes campos que passam;
Montanhas que se apagam;
Boiadas, árvores, que somem;
Rios que não mais se ouvem;
Noite que, em minutos, enegrece o dia...
Lembranças que me enternecem, canalizo,
Pois em meios aos tumultos da cidade,
Risos dos beiços tombados,
Pude trazer, renovado, a fragrância da vida,
Que me fará subir... Subir... e subir...
E por todos me contaminar e contaminar,
Com este espírito que se vestem de fraternidade...
Roda... Roda... Roda... Ônibus...