ANUMARÁ
Francisco de Paula Melo Aguiar
Avançou ao espelho d'água em dezembro, sim, ainda me lembro, embora que em meu espírito fosse o três de abril.
Visto assim o anumará, se afogando, ferido no rio Três Sul, foi socorrido, retirado.
Suas penas pretas brilharam à luz do sol da várzea do Paraíba, por trás da capela do Desterro, como o sol do meio-dia.
Quando de seu bico escorreu, pouco a pouco a água escura.
No mesmo instante, por dentro de mim faltava a voz para gritar e pedir socorro, como se meu coração fosse partir.
Infelizmente, assisti seu último voo, à sua morte, a deriva, em vigília aguardando.
E assim, o Deus de Israel, Isaac, Abraão e Jacó, levou sua alma.