AO MEU REDOR.
Por @andreaagnus
O planeta deu meia volta e uma estrela me olhou de soslaio até se pôr. Fortaleza estava misteriosamente calma. Em plena sexta-feira, como podia ser? Talvez, fosse coisa feita que partia de mim. Era paz, a legítima paz. Deserto bom de ver em minha mente, ausência de sons, mas o celular tocava minha playlist predileta, quem sabe era a quietude de uma guerreira antes da batalha.
Penumbra laranja, depois azul, luzes de faróis dançando por entre as frestas da janela. A noite deu-me um beijo combinado com cheirinho na nuca. Adoro isso. Amar a mim mesma. Quando me toco, tudo me pertence: a casa, a brisa, os pássaros a se despedirem do dia. Relaxo. Sono profundo de poucos minutos. Meu êxtase é tão sagrado! Como pensaria uma escritora cearense “todo orgasmo deveria ser santo”.
Mergulho no meu próprio mar. A cama é meu porto seguro. No escuro, os ouvidos voltam sua atenção para o mundo lá fora. Menina, não é que minha cidade está exatamente a mesma do que sempre foi! Tenho esse bom hábito de me perder dentro de mim: com os dedos no corpo desse texto.