O Leitor Desconhecido

20.08.2021

367

Editei um livro ano passado, completando o ciclo de que, uma pessoa para se realizar na vida, tem que ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Era o que me faltava, o livro.

Minha mulher foi a principal responsável pela sua elaboração, escolhendo os textos, definindo a capa, contratando a editora e fazendo, inclusive, as correções gramaticais da minha escrita cartesiana, pois sou engenheiro, mais afeto aos números do que às letras.

O resultado ficou muito bom, deixando-me feliz pela conquista e aceitação por parte dos amigos, pois foram eles que compraram e leram.

Meu intuito em editar esse livro, foi o de divulgar as minhas experiências de vida, os momentos casuais e inesperados que me aparecem no dia a dia, situações para mim significativas, mas sem nenhuma pretensão literária.

Então, tive a ideia de divulgá-lo de forma mais direta e objetiva. Há nas estações de Metro em São Paulo, pequena bancadas, prateleiras, onde as pessoas deixam livros, revistas para compartilhar com as que passam por elas. Eu mesmo já peguei e li alguns.

Assim, resolvi levar o meu livro à estação próxima a minha casa, escrevendo na sua capa interna, texto pedindo ao leitor, que após a sua leitura, desse o seu parecer sobre eles, enviando-me mensagem, pois anotei o meu telefone e e-mail.

Cheguei à estação, desci as escadas rolantes até a prateleira fixada à parede, com vários exemplares de revistas, mas nenhum livro.

-Vou deixá-lo bem à vista – colocando-o sobre os demais.

A capa é bem chamativa: uma foto impressa da pintura de um fusca que fiz no portão da casa onde morei no bairro do Pacaembu. Fui encostar-me junto à parede oposta, aguardando ver quem o pegaria.

-Vou esperar meia hora, no mínimo – pensei, vendo um grupo de pessoas cruzando as catracas, indo em direção às escadas rolantes, passando pela estante.

Então, para minha surpresa, vejo um rapaz de altura mediana, um pouco gordo, de barba rala e óculos, caminhando em direção à prateleira.

-Não acredito! Já? – exclamei estupefato, pela rapidez.

Ele olhou os exemplares, e logo pegou o meu.

-Opa, será que vai levar? – acompanhado os seus atos, ansioso e excitado.

Ele folheou o livro, leu a capa do seu verso e saiu com ele em direção à escada rolante à sua frente.

Saí do meu canto em sua direção e chamei-lhe:

-Oi, bom dia – dirigindo-lhe a fala, com ele subindo pela escada. Olhou-me espantado, nada entendendo.

Subi na escada alguns patamares abaixo dele e disse-lhe:

-Oi, bom dia, sou o autor do livro!

Encarou-me por instantes desnorteado. Entendendo a minha fala, olhou-me e disse:

-Ah, que legal!

-Sim. Grato por tê-lo escolhido. Deixei uma mensagem escrita na capa interna para os leitores que, ao lerem, darem a sua avaliação dos textos, enviando-me por e-mail ou watts zap. Agradeceria se pudesse me dizer o que achou.

-Ah sim, muito bom – respondeu lacônico e sem jeito.

-Obrigado – agradeci.

Subimos juntos e quietos, até o primeiro patamar da escada rolante. Ele seguiu para o outro lance da escada. Eu fiquei naquele piso, achando melhor não continuar.

Agora, era esperar receber do leitor desconhecido, o retorno com as suas considerações. Será?

Mas não é o que importa, mas sim, compartilhar com as pessoas através dos textos, as minhas experiências e vivências, e quem sabe sensibilizá-las, tornando-lhes o dia a dia mais leve. É o que espero e desejo.

Vou colocar outros exemplares nas outras estações de Metro, para outros lerem também. Vamos ver como serão as resposta dos leitores desconhecidos. Será?

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 20/08/2021
Reeditado em 20/08/2021
Código do texto: T7324900
Classificação de conteúdo: seguro