Quando aflora o desejo em Flora
Seu irmão mais velho sabe, mas há tempo não lhe dirige uma palavra. Até lembra da última que vez que a alertara e ouvira que ele devia era cuidar de sua esposa. A cunhada sempre a olhara com desdém - e havia reciprocidade -, desde os tempos de namoro.
E a maneira como Flora se vestia sempre foi motivo de chacota entre seus familiares.
- Sua cunhada só veste calção de jogador de futebol do interior - folgado e curto. E por que não usa sutiã? - perguntou-lhe a mãe.
Quando algumas vizinhas se atreviam a lhe aconselhar que isso poderia lhe trazer problemas, lembrava que fazia uso de anticoncepcional.
- Anticoncepcional é assim: faz bem por um lado, e mal por outro. Quem sabe quando chegar a menopausa, pare (ou diminua). Estou quarentona ainda. Respondia.
A tia, dona da pousada com quem Flora morava e trabalhava, confessou que quando ela ficava inquieta, sabia o porquê.
- Que desejo louco... Não fica uma semana sem. Se tivesse 20 anos até que compreenderia. Não dá para acreditar que com essa idade não sabe se controlar.
Ontem, abaixo de chuva, Flora foi para a cidade. Ainda bem que na volta conseguiu carona com um vizinho. Por uns 20 dias estará surtida de chocolate e prometendo: - Mês que vem vou começar aquele regime para acabar com esse falatório que estou muito gorda e a culpa é de quem tanto AMO!