A sinusite: A ameaça e a intervenção
A quem foi acostumado ao calor do semi – árido, foi fervorosa a chegada no Rio de Janeiro, em pleno mês de julho, pois fazia muito frio. A temperatura baixa, eu estranhei muito. O choque térmico logo me fez gripar e acabei desenvolvendo uma sinusite que se tornaria crônica ao longo do tempo.
Não sabia eu como tratá – la, convenientemente, por duas razões: o ganho como grumete ainda era muito pouco; eu como era recém-formado (ainda não regularizara minha condição de marinheiro); e ,também, não encontrar no navio um profissional competente a quem pudesse recorrer. O enfermeiro de bordo, um segundo sargento era totalmente inábil. Morria de medo do imediato, de quem era chamado atenção pela incompetência para o cargo. Não tinha voz ativa para nada e se escondia atrás das ordens dos oficiais e praças mais antigas. Cabos e marinheiros decididamente não o respeitavam...
Novato e sem experiência ante os primeiros sinais e sintomas recorri a ele. Queixei – me de febre, dor de cabeça e nariz entupido. O sargento deu – me um ante térmico e disse que era dar tempo ao tempo, que ia passar. Não passou, voltei a procurá – lo com a mesma queixa de dois dias depois. Foi quando me disse que não poderia me ajudar. Estava ocupadíssimo e que eu fosse trabalhar. Não tinha tempo para um reles mais moderno.
Ainda tentei falar, mas o sargento, usando da hierarquia, mandou – me calar a boca, sob a ameaça de dar uma parte minha ao comandante. Naquele momento, o imediato passou presenciando a tudo: Eu calado, olhando para o chão e aquele aos berros. Interveio, curioso oficial:
- Que se sucede aqui? O enfermeiro ainda tentou tomar – me a palavra.
- Cale a boca, sargento! Eu falei com ele; não, com você!
Explicada a situação e minhas queixas, mandou – me para o hospital.
- Se ele for dispensado, quem vai para o livro de castigo é você!