Certo pelo Duvidoso
Ainda sou do tempo em que, hierarquicamente, as praças com o privilégio de adentrarem nos quartéis e nos navios à paisana eram os suboficiais e primeiro sargentos da Marinha. O restante não tinha essa prerrogativa. Nisto se valiam os donos de casarões antigos, próximos ao Primeiro Distrito Naval, para explorar as casa de armário alugadas aos marujos, fuzileiros e demais sargentos por um módico preço, já que a clientela era enorme.
O primeiro armário que aluguei foi no seu Agnelo. O velho, já de seus aproximadamente, creio eu, à época, setenta e poucos anos, era rígido. Não havia o perigo de furtos e arrombamentos. O idoso só permitia a entrada de clientes. Este e os filhos revezam – se durante vinte e quatro horas de domingo a domingo na vigilância. Só era permitida a entrada de inquilinos e quem não cumprisse, após a primeira admoestação era convidado a sair do recinto, sem que fosse permitido um retorno posterior.
Eu, à época, muito jovem e impetuoso, por não cumprir esta cláusula pétrea e fui expulso. Entrei com um companheiro e levei – o ao meu armário. O velho chiou e eu, atrevidamente, o peitei. Foi o cúmulo! E o copo d’água entornou. De imediato, fui à outra casa que não tinha que a segurança quer a vigilância de seu Agnelo. Aluguei outro armário e, como regalia, tinha acesso ao chuveiro para tomar banho. O que seu Agnelo não oferecia. Mas me arrependi. Fui furtado por um companheiro de alojamento que levara até lá. O cadeado que eu usava era de segredo e o safado decorou a senha. Uma vacilada, uma distração de um minuto. Levou – me o fardamento, toda a roupa paisana, bem como pertences e dinheiro.
O velhaco (descobriu – se, depois que havia sido expulso, por empurrar um oficial na baía) estava vivendo, desde então de pequenos golpes nas dependências dos alojamentos de cabos e marinheiros do Primeiro Distrito Naval.