Otelo overdose de Jesus

Otelo Overdose dos Santos

Céu nublado, crianças de férias, pessoas no parque, idosos na calçada. Assim se resumia aquela tarde. Uma tarde qualquer numa uma hora qualquer do dia. Sentado com os braços debruçados numa mesa de botequim estava Otelo dos Santos, assim como nosso Brasil de todos os Santos; esse sobrenome de quem nasce na seca e não tem futuro. Jovem de cara preta e queimada do sol estridente do sertão do Seridó; filho um João preto e esquecido por Deus, moleque novo de pernas finas, barriga seca e cabeça quadrada. Pobre, meio lesado e de apenas 18 anos ou mais; afinal, nem ele sabia sua própria idade, já que sua mãe o abandonara antes mesmo de largar o peito e conseguir criar força de gente para morder um pedaço de cana-de-açúcar e não sucumbir ao demônio da fome, maldito esse que insistia em possui as jovens almas antes mesmo de nascerem no sertão.

Este rapaz a quem me refiro, relembra naquele botequim da cidade de São Paulo aquilo que lhe é remanescente da vida escassa e severina. Nem ele se recorda dessa parte, mas acontece que já nasceu fraco, logo ao ser cuspido nesse mundo de Marias e Marieles, ficou na eminência de esticar os pés num buraco escuro e raso - moradia que seria sua até o dia do juízo, quando Deus viria buscar os inocentes os quais não sofreriam o seu julgamento. Talvez esse tivesse sido o melhor para aquele garoto, possivelmente um fenecimento breve teria sido o ideal para tal situação.

Mas para a sorte desse Otelo, filho de não sei quem, uma senhora consumida pela vontade de ajudar, diligentemente se compadeceu da tênue saúde desse órfão, criando-o por uns anos até a idade adulta. Essa dona atendia por apelido grosseiro de Cigana; mulher preta, humilde e que injustamente era conteúdo das más-línguas ali, as quais a acusavam de bruxaria, pois julgavam tratar-se uma figura um tanto peculiar. Para aquelas pessoas da região - as quais não viam ninguém que divergisse do seu meio de vida e de pensar – já que na própria e escura monotonia da existência daquele povo não era cenário de vida com abertura para crenças cujos objetivos não fossem adorar ao Deus Filho. O destino dessa senhora boa, simples e humilde foi escrito e traçado por gostar de vestidos brancos e usar búzios no pescoço encardido pela falta d’água de sua casa. Foi sabido que tivera sua face morena pisoteada por uma “legião” belicosa de pessoas enfurecidas com a ignorante revolta típica dos vassalos de alma, os quais a esquartejaram por julgarem a velha mulher de servir ao diabo. Logo esta que tanto ajudou o infeliz Otelo, nosso protagonista sem história.

Perdido no mundo e agora sem sua preta a quem carinhosamente buscava por apelido de Dé desde criança, Otelo não sentia raiva nem desejo de vingança pelos agressores de sua mãe postiça; a cidade persuadiu amiúde seu pensamento de que a pobre mulher fazia práticas errôneas, fazendo-o crer nas imposturas do povoado. Agora, se via em duas situações, mas com um só destino. A primeira situação é simples e trivial aos miseráveis:

Trabalhar de engraxate no sertão? Não tem lógica, maioria lá andava com pés descalços, somente os coronéis tinham dinheiro para possuir um chinelo de rabicho.

Ir ser da volante? Sem condições. O moleque recém-saído da frauda de pano não tinha porte para empunhar um fuzil numa linha de frente contra a descendência sanguinária de lampião.

Contudo, e quanto a trabalhar sendo cocheiro de carroça? Ninguém respeitava nem dava moral alguma para aquele menino de cabeça grande, e com os bichos não era diferente.

Os cachorros o perseguiam ao passar pelas estradas de barro, somente as janelas altas e largas de tijolo deitado daquele interior eram a fuga do guri quando os cães de rua pretendiam rasgar sua magra carne. A próxima alternativa para não morrer de fome - a qual não passava pela cabeça do infeliz - era ser dono do alheio, roubar. Mas eu me pergunto: roubar o quê? Primeiramente, daquela gente miserável nada se tinha para tomar à força (força essa que, diga-se de passagem, Otelo não possuía). Segundo que sua velha Dé o educou no sentido do sétimo mandamento. Educou tão bem que, uma vez, o menino pegou uma agulha em cima do fogão de lenha da casa da velha Benedita, e sua mãe postiça deu-lhe uma grande surra e o fez devolver a agulha nas mãos da pálida mulher de cabelos grisalhos, pedindo-lhe perdão por tê-la surrupiado uma simples agulha.

Todos os dias da sua frágil existência eram como os outros. Sem ter o que fazer, nem possuir sentido na vida. Até mesmo uma folha tem mais propósito, pois, espera o amparo da lâmina d’água ao cair no perene rio. Contudo, nosso rapaz não possuía sequer o apoio do sol ígneo que pairava sobre sua cabeça mestiça, envelhecendo-lhe a pele.

A trágica vida de Otelo não possuía, nem de longe, pontos positivos para nenhum vivente, mas para quem não conhece o bem nem o mal, qualquer julgamento é neutro, amoral. Digo isso porque, rotineiramente, o garoto disputava uma ligeira e confiante corrida com uma amatilha de cães de um velho viúvo que criava na base de vinte cachorros vira-latas. Essa disputa não era, nem seria diversão para ninguém, mas o rapaz parecia sentir certo conforto em correr um leve perigo quando apressava o passo para fugir dos bichos; ele gargalhava e esboçava um tom de alegria radiante quando conseguia passar pela ponte - onde os animais subitamente atenuavam sua caminhada e não transpunham como quando mágica acontecia. Há quem dissesse até que aquela velha ponte feita de um cepo de madeira carcomida e pintada com água de cal era mal assombrada. No entanto, assim como ninguém prestava atenção em Otelo, as possíveis assombrações também não tinham o que ver no garoto, portanto, nunca foi alvo de nada do outro mundo pelo simples fato da sua inocência de alma e frágil ignorância.

É sabido que, todos os dias, Otelo passava por essa odisseia cruzando pontes assombradas e fugindo de cães doentes. No entanto, a necessidade era o que motivava o moleque a se arriscar andando por aquelas ruas cheias de más intenções. Não pelos animais nem pelos possíveis demônios. Mas pelas pessoas. Sim, as pessoas ali eram piores que monstros, animais furiosos, assombrações e até mesmo doenças. As pessoas daquele vilarejo impetuoso é que eram a verdadeira moléstia.

A velha ponte era o único caminho para a fazenda do Coronel - senhor que ninguém sabia o verdadeiro nome, só falavam o Coronel e todos identificavam a figura - a esposa desse senhor sedia um prato de fubá diário para o desafortunado Otelo, mas com a intensão de, todos os dias induzir o rapaz a ir até o longínquo curral de vacas de seu afortunado marido apanhar um caldeirão de leite. Para a constante infelicidade de negrinho, a alça do impertinente caldeirão insistia em se arrebentar quase todos os dias quando o coitado voltava do curral com o leite para o café dos patrões. Isso era diversão para o coronel, açoitar, rotineiramente as costas e mãos do guri por derramar a pouca quantidade de laticínio.

Otelo jamais pensou em sair do seu sertão do Seridó. Não havia mundo nem nada que não fosse o seu pobre vilarejo. A conformação com o pouco já era trivial naquele simples lugar, contudo, a seca - outrora imprescindível de todo sertão, mas fugaz para o ano - agora se tornara instrumento de tortura para todos. O rico estava ficando pobre, e o que já era pobre, agora, morria de fome.

Quando nada se tinha de esperar mais daquela cidade e nada se tinha para beber, muito menos comer, Otelo foi até a sua palhoça - cuja cama dividia com o cachorro do seu Coronel – e recolheu uma camiseta e um par de meias com um furo no dedo menor. Agrupando esses únicos pertences e somando com as roupas já vestidas no corpo, deitou na cama às 19h daquela noite; apagou o candeeiro e olhou as estrelas pelo imenso furo no teto de mato seco da palhoça. Naquela noite, adormeceu olhando para o céu e foi agraciado com um sonho. Botas de couro, cabelo penteado, montado a cavalo. Às 3h da manhã acordou aflito e com uma sensação indiferente a si – era a ambição de uma situação melhor – essa motivação fez com que Otelo levantasse ainda no escuro e tomasse a primeira iniciativa para abandonar toda aquela vida seca. A malícia não era algo concreto na cabeça de Otelo, portanto, não havia espaço para ódio ou rancor por tudo que aquelas pessoas do vilarejo fizeram a ele.

Agora, depois de tantas lutas e de uma miserável vida, a lama suja nos sapatos era a única medalha que o nosso herói podia ostentar. Morando em São Paulo de favor num vão nos fundos da casa de seus novos patrões; vestindo roupas usadas pelos filhos dos donos da imensa casa; ainda analfabeto e de poucas palavras, não aprendera nada durante os doze meses que estava na maior cidade do Brasil. Havia apenas conseguido comprar com seu dinheiro uma televisão usada pelos donos da casa, aparelho esse que nunca terminaria de pagar, pois cada prestação custava todo seu pouco lucro mensal, além de o patrão o convencer de que sempre faltava mais uma promissória da dívida.

Sentado com os braços debruçados numa mesa de botequim estava Otelo dos Santos, esperando a última fornada de brioches quentinhos saírem do forno para encaminhar até sua patroa. Uma juíza aposentada casada também com um juiz, seu nome era Carmen, uma mulher gorda de estatura média alta, arrogante, andava sempre com saltos muito altos, o rosto repleto de maquiagem, e um perfume demasiadamente enjoativo.

- Desculpe, dona Carmen. Eu demorei porque o dono tava encrencado com uns fiscal da prefeitura querendo fechar o botequim dele por causa de um tal de leão dos impostos.

- Que demora infernal! Tomara que fechem aquela espelunca – exclamou a patroa com ar de deboche para a filha que se sentara à mesa para o café da tarde.

- Mas a senhora aprecia tanto o pão de lá... – questionou o rapaz sem perceber que estava sendo intrometido

- Sabe, meu querido, os empregados não devem se envolver em conversa de quem bebe em taça. Respondeu Carmem.

Com um olhar meio perdido sem entender a resposta da patroa, Otelo foi cordato – Certo, dona Carmem.

O assunto tão esperado para ser discutido na mesa de jantar era o baile dos quinze anos da filha moça da senhora juíza. Helena era uma moça de pele alva e de olhos grandes, apesar de muito nova e bela, já carregava os traços da arrogância da mãe. Conversa vai, conversa vem, murmúrios e sussurros pelos cantos da grande casa fazia-se ouvir aos empregados a tão comentada notícia.

- Já soube, negrinho, que a dona Helena vai chamar o pessoal do colégio dela todo para a festa dos seus 15 anos. Vai ser trabalho a pampa para que estiver de serviço nesse dia. – comentou o motorista branco de olhos vermelhos com o jovem Otelo.

Ora, o nosso rapaz jamais tivera participado de uma festa qualquer. Imagine uma festa de debutante – o nome era tão indiferente e estranho para Otelo que ele achava se tratar de nome feio – baile este com pessoas quase da idade do nosso rapaz. Diferença pouca. Diferença máxima. Não tem o que comparar, idades semelhantes, no entanto, vidas tão divergentes transformadas de uma certa forma a qual Otelo nunca entenderia. O estúpido garoto jamais se questionou o porquê de trabalhar para pessoas tão ricas e bem portadas, sendo ele um pobre e analfabeto garoto negro. Essas questões não permeavam a cabeça infantil do desafortunado. Apenas rezava para que sua patroa pudesse ser cada vez mais bem-sucedida, e ele, consequentemente, ter sempre o seu emprego – mesmo que quase escravizado.

Dia do baile. Otelo sai bem cedo antes do expediente, entra numa loja de coisas baratas onde compra uma caixinha de música bem charmosa para a aniversariante. Cor-de-rosa, com um espelho redondo no centro e formato de coração em cima da tampa lisa. Ainda por cima tivera sido enganado pelo dono da loja, que lhe roubara algum dinheiro no troco, aproveitando-se da sua burrice - o pobre miserável não consegue ler nem por um milagre dos céus - afinal, nunca avistou um livro na sua frente em toda sua infeliz existência; além da bíblia a qual ficava aberta na sala da sua velha Dé - livro este o qual nunca foi lido por ninguém, pois jamais se conheceu alguém no seu velho vilarejo que soubesse decifrar as temidas e difíceis letras que ele julgava ser para entender no papel amarelado.

Voltando para a casa dos chefes, trabalha o dia todo empurrando caixas e carregando comidas caras para a cozinha. Faz todo o serviço braçal da festa como se tirasse forças da alma para concretizar o sonho da menina Helena.

A noite cai, a hora da festa chega. O tolo garoto arruma-se como quem vai para a gafieira com um terno emprestado do motorista da casa. Penteia os crespos cabelos com um pente verde de poucos dentes. Calça os sapatos sociais cedidos do mesmo cocheiro; e usando aquelas velhas meias rasgadas, as quais pertenceram a sua infância na palhoça fria do coronel de seu pobre e medonho vilarejo. Naquela hora - por volta das sete da noite – a dona da casa já dava por falta do empregado – não porque sentia preocupação ou responsabilidade pelo menino – acontece que os convidados chegaram mais cedo, e o rapaz precisava servi-los com urgência. Essa foi a primeira vez que a senhora juíza se prestou a ir até a dependência dos empregados, apressar Otelo pessoalmente.

- Veja, menino, seu papel é o mais importante da festa. No final do baile, servirás a taça de debutante para a minha filha - Convencendo Otelo do trabalho sem graça. Carmem empurrou o magro garoto pelas costas, e como uma traiçoeira cigana advertiu Otelo para dirigir-se a cozinha onde estavam os empregados, pegasse uma bandeja e começasse a servir a todos seus convidados.

Antes de sair do barraco, animadíssimo enganado pela proposta de ser garçom, o inocente palerma entregou a caixinha de música para que a distinta senhora pudesse ofertar a sua filha com o singelo presente dado pelo desvalido.

- Claro, entregarei em mãos. Agora, ande depressa - Disse a patroa, enquanto esperava o rapaz dar as costas para se livrar do presente ali mesmo naquele quarto.

Aquela noite era mais escura do que as outras, não havia lua. O frio era decadente. O guri entrou na casa, começou a arrumar as taças numa bandeja de prata, a qual pertenceu à falecida mãe de dona Carmem. Foi quando sentiu uma dor lancinante do lado direito da sua escassa barriga. Angústia essa que se estendia por todas as esferas de seu pequeno corpo como um verme caminhando por dentro de sua carne e devorando suas entranhas mal alimentadas. Era apendicite.

- O que será isso, meu Jesus! - Perguntava o garoto olhando a procura de alguém na fria cozinha para pedir auxílio.

Ninguém viria. Era ele e apenas ele. Que se conformasse! Deveria ter ficado ali esperando alguém dar por sua falta, ou morrido quieto e calado naquele canto. Mas não, como o tonto que era, precisava viver mais, não bastava o tanto já sofrido naquela altura da amaldiçoada vida. Saiu caquético pelo quintal voltando para o barraco na esperança de encontrar a patroa pelo caminho. Jamais a juíza se sujeitaria a passar mais do que o necessário dentro daquele casebre. Não a encontrou como era esperado. Mas resolver entrar no seu simples quarto em busca de algum remédio que afugentasse aquele mal.

Ele não conseguiria. Com todo o padecer, e nem mesmo ali aquele rapaz ignorante conseguiu entender o quão cruel era o mundo. Só pensava no desgosto que daria aos patrões se não estivesse na festa naquela hora; como as pedras presas à praia, ele se prendia a ideia de voltar para a festa e servir aos convidados. Esse sentimento nada fugaz, nem mesmo a dor lancinante conseguiu incumbir. Sua cabeça inocente era estúpida o suficiente para não absorver o grau de quão marginal e lapidadora de sonhos era a sociedade em que desperdiçara sua vida. Sem forças para acender a luz, entrou depressa no quarto onde não percebeu o fio da televisão esticado até a tomada e tropeçou - caindo virado para cima e sendo amassado pelo pesado tubo da TV. Esticando seu frágil braço, tirou o peso de cima de si, empurrando para baixo com o pouco de força que lhe restava. Os olhos vagavam a ermo pelo quarto a procura de uma solução para aquilo que nunca sentira antes. Mas naquele simples vão de tinta descascada somente estavam uma rede e a televisão impagável de tubo, agora quebrada. Intrigado, avistou embaixo do móvel a rosada caixinha de música, agora com a tampa de coração quebrada. Chorou. Nessa hora sentiu o desgosto descerrado em seu peito inocente. Virou o rosto para não olhar aquele símbolo do seu padecer. Direcionou sua retina para as telhas afastadas do pequeno aposento, as quais davam ao garoto uma última visão privilegiada do seu escuro céu, onde somente uma estrela brilhava enternecida num lugar tão longe que o pequeno Otelo achava se tratar de ser além do fim do mundo.

Engasgando no próprio sangue, rogou a Deus para que aquele não fosse seu fim; tantas outras promissórias da televisão para pagar; sem contar na sua chefe, a qual esperava ansiosamente o menino Otelo servir a última taça de champanhe para a debutante.

Ele não iria. Felizmente, os pulmões estão diminuindo o movimento, e o coração, o qual outrora durante a infância no sertão batia forte apesar da pouca tinta no sangue fraco, agora já palpita seus últimos espasmos. Acuou-se num canto de parede.

Fustigado, pensou - vou me deitar só um pouquinho aqui nesse chão enquanto essa dor passa.

Tolo, a infecção tomara conta do seu pequeno e singelo corpo. Seus dentes trincados de dor agora relaxam. Seu semblante se transforma para como o de quem aguarda uma notícia ruim. E em seu rosto escorre uma última lágrima carregando a história de sua vida. Seu olhar aquebranta; e sua boca para de tremer. A escuridão que agora fechava aos poucos a visão periférica de seus olhos parecia abraçar sua alma para o fim. Assim, foi acometido pelo sagaz destino que espera a todos nós no futuro, pois até mesmo os peões do xadrez são guardados na mesma caixa que o rei no epílogo da partida. Naquela insalubre dispensa findou-se o sofrimento e a vida inútil de Otelo dos Santos, preto, pobre, nordestino: só mais um infeliz afortunado que morria na gigante metrópole de São Paulo.

Sentindo falta do criado, a dona da casa acompanhada do marido vai até a despensa dos empregados com o intuito de ordenar que o rapaz voltasse imediatamente para servir seus convidados. Abrindo a porta devagar do quarto mórbido, assustam-se com aquele corpo pequeno e manso caído sem vida no chão gelado. Os dois entreolham-se, pensam em conjunto:

- deve ser overdose

Avaliam o desastre eminente para o baile de debutante da filha: Polícia; carro funerário; fim da noite festiva; burocracia.

Dão meia-volta, fecham a porta com cautela e voltam para a festa como se nada tivesse acontecido.

Isto não é apenas um conto. É um relato de dor, um gole seco representativo de sofrimentos que escoa pela garganta cansada de uma nação.