LAGRIMAS DO PALHAÇO
Um palhaço de sucesso de nome gargalhada, vivia o drama de fim de carreira,
Se não bastasse os espetáculos sem plateia, sua única filha de onze anos de idade estava muito doente.
Para se manter e custear o tratamento da filha, ele precisava se afastar da filha e continuar sendo engraçado. Se afastar da filha e tentar a vida nas cidades visinhas no momento em que a leucemia agravava, estava fora de cogitação. Como ser engraçado se em casa faltava alimento, saúde e até esperança?
Esse drama o deixava cada vez mais desolado. Até que um velho amigo de picadeiro, o palhaço chuvisco sabendo da dificuldade do colega o procurou e o chaqualhou até convencê-lo a voltar a funcionar o circo abandonado da cidade onde eles começaram a carreira.
Nada acontecia na pequena cidade que um dia tinha sido o principal centro econômico da região por conta da atividade agroindustrial.
Gargalhada relatou ao amigo que não aguentava mais fingir que estava tudo bem, por conta da difícil situação com a filha.
Sem alternativa, depois de muito pensar aceitou o convite, mesmo ciente das dificuldades.
O amigo Apenas salientou a montar um número solo, justificou que não podia fazer dupla com ele pois seria o apresentador já que a companhia não dispunha de muitos integrantes.
Gargalhada chegou a questionar a dificuldade de entrar sozinho na arena. Mas aceitou fazer o número sozinho.
Dias depois o palhaço gargalhada mesmo deprimido estava pronto com seu número para mais uma reestreia.
Antes de entrar no palco recebeu uma ligação de sua visinha comunicando lhes que sua filha tinha sido levada as pressas de hambulância ao hospital. E na ocasião se colocou à disposição caso ele precisasse de ajuda.
A única forma de ajudar no tratamento era fazendo o público rir e mantendo o círco cheio. Sabia que após os primeiros socorros no hospital, viriam mais uma bateria de exames e uma lista de remédios.
Ou até mesmo a necessidade de tratamentos mais intensivos.
Enquanto aguardava sua vez de entrar no palco, borrou o rosto com lágrimas, enquanto enchugava as lágrimas, desfazia a alegre caricaturada de palhaço, descurtinando mais ainda sua dor.
Ele estava ali para levar alimento para casa e comprar os remédios da filha. Como pai ele não podia voltar para casa de mãos vazias.
Pelo alvoroço pós cortina.
surpreendentemente a casa estava cheia, ouvia-se gritos de satisfação. Isso representava uma garantia de que a renda da noite lhe daria um alívio nas finanças por alguns dias.
Como palhaço, Gargalhada precisava ser profissional e não decepcionar a platéia, muito embora ele não tinha condição nem uma para atuar.
Enquanto os espectadores se divertiam com algumas apresentações preliminares, ele apenas chorava. Pensava excessivamente na pouca idade da filha,
Na ausência provocada por ele quando por anos saía Brasil a fora em busca de sucesso. Fez uma breve oração e se reconectou com Deus até alguém avisa-lo que era a sua vez de se apresentar, gargalhada lembrou que aquela era a primeira vez que ele ia estar diante da plateia sem o colega chuvisco como escada.
A vizinha voltou a se comunicar com gargalhada, dessa vez não para oferecer ajuda, mas para insulta-lo o chamando de irresponsável por deixar a filha doente a sós com a mãe enquanto ele se divertia no circo.
Naquele momento ele pensou em deixar tudo e se dirigir ao hospital, as cortinas abriram, ele não podia voltar, o circo estava lotado. Nem isso o animava. Parado sem saber o que fazer entalou algumas palavras e a única coisa que ele conseguiu dizer foi:
"O palhaço está triste,
A única coisa que vocês vão ver hoje são as lágrimas do palhaço"
De imediato ele percebeu o estranho silêncio do público.
Chuvisco nesse dia também estava sem graça, interrompeu a apresentação e explicou que naquele dia o show não podia continuar.
só gargalhada não sabia. O amigo chuvisco convocou a cidade para uma ação solidária em prol da saúde de Sofie.
O palhaço que sempre levou o público a gargalhada naquele dia não podia fazer palhaçada.
Com a imagem do palhaço em falta as lágrimas do palhaço se tornaram visíveis.
Chuvisco explicou que todos estavam ali para contribuir com o tratamento da menina Sophie
gargalhada sem entender o que estava acontecendo interrompeu e disse que precisava ir com urgência ao hospital.
Chuvisco pediu que ele esperasse só mais um pouco.
Em seguida uma luz e a cortina ao fundo se abriu e a filha é trazida em uma maca.
A ambulância vista pela visinha havia ido até a casa de gargalhada para buscar a filha debilitada para ir até o circo e a visinha sem entender do que estava acontecendo mandou mensagem e foto para gargalhada achando que ela havia passado mal e fora levada ao hospital.
A menina foi levada ao centro do tablado onde seu pai estava.
O público comovido os aplaudio em pé. Reconhecendo o drama do palhaço e consciente dos que naquele dia ele não estava ali para fazer graça.
Na mesma semana a menina foi internada para mais uma série de tratamento.
Meses depois estavam todos no mesmo lugar, o público presente, chuvisco e gargalhada divertindo mais uma vez a platéia, Sophie curada se recuperou fez trapézio e passou a integrar a companhia.
Dessa vez o palhaço não precisou mais fingir que estava tudo bem, pois de fato estava feliz.