Jeitinho
08.01.2019
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Acho que não deveria estar contando essa história!
O fato é que, perdi a minha carteira de habilitação faz mais de vinte dias. Onde e como não sei e hoje estou sem ela. Procurei em todos os possíveis lugares em que pudesse ter caído ou esquecido.
Tiro a carteira de dinheiro, na qual também levo os documentos, quando uso o metrô, para mostrar justamente a de motorista e comprovar ser já idoso e entrar sem pagar.
Apelei até para "São Longuinho" - o santo dos achados e perdidos - mas desta vez não me ajudou, como das outras tantas que a perdi e recuperei.
Uso o carro principalmente para viajar para a obra fora da cidade, todo início e final de semana, e corro o risco de ser parado em comando policial e ter ele guinchado. Fora a multa! E há ainda um agravante: deve estar possivelmente cassada. Não tive nenhuma notificação até hoje, mas pelas multas que tenho na moto, que por esse fato, está parada lá em Santa Catarina faz seis meses, é bem provável. Que situação! - como diz minha esposa.
Tentei resolver o assunto na época da perda: agendei dia e hora pelo "Poupatempo" em um sábado e fui certo que obteria a segunda via sem problemas. Cheguei, entrei na fila e aguardei minha vez. Fui chamado:
-Bom dia, tudo bem? Preciso tirar a segunda via da CNH - digo para a senhora que me atendia.
-Seu CPF?
Passei o número, ela digitou e procura, procura. Depois de um tanto de busca, diz:
-Não encontrei, estranho!
Pensei comigo: "Será que cassaram a bendita! "
-Tenho aqui uma antiga, que pode ajudar na busca pelo seu registro - passando a ela a habilitação de 2009 que havia guardado.
Ela voltou à pesquisa e sorriu. Me olhando:
- O senhor transferiu para Santa Catarina, por isso não achava!
Esquecera-me totalmente desse fato. Fizera essa mudança quando morara naquele Estado, há cerca de seis, sete anos.
- Ou o senhor renova por lá ou transfere para cá, mas para isso terá que ir no Detran daqui.
- Ok, vou ver como faço. Muito obrigado!
Saí do balcão pensando em como faria para poder continuar dirigindo sem ter a carta de motorista, pois não iria transferi-la, já que voltara a morar lá há dois anos, e o trabalho aqui deveria terminar em mais trinta, quarenta dias, não tendo sentido a mudança. O que fazer?
Caminhei na direção da estação do metrô, remoendo qual solução temporária seria possível, até voltar em definitivo para Florianópolis e resolver o problema.
Então, me surgiu a brilhante ideia: agendar uma nova data e horário e com o recibo respectivo comprovar a possibilidade de retirada da segunda via na data agendada, justificando estar sem ela, caso fosse parado! Era arriscado, mas não tinha alternativa melhor.
Foi o que fiz! Cheguei ao autoatendimento no metrô, digitei meus dados, marquei dia e hora disponível, saindo o recibo salvador! Ótimo. Poderia viajar no dia seguinte, domingo, para o trabalho. A data seria para dali oito dias. No final de semana seguinte, outro recibo tiraria da máquina. E assim fiz sucessivamente, até hoje. Dei o "jeitinho" brasileiro, de sempre!
Desde então, ando e viajo com o carro nessa situação. Tenho tido sorte: não fui parado em nenhuma blitz, por enquanto, sabendo que estou correndo o risco de, mesmo com o recibo, vir a ser multado e até ter o carro guinchado. Aí, não haverá "jeitinho" que resolva o assunto!
Essa é a história que não deveria ter contado, mas contei!