O sobrinho mais velho que o tio
Estavam, na casa dos senhores Silva, Pedro e Maria, anciãos nonagenários, comemorando o aniversário natalício do patriarca, dezenas de familiares e amigos. O ambiente, animado, contagiante. Dentre os presentes, João, irmão de Pedro, idoso octogenário, de cabeça quase que inteiramente desprovida de cabelos, sendo brancos lácteos os poucos que lhe restavam, e Renato, filho de Pedro, de cinquenta e dois anos, dono de vasta cabeleira branca. Conversavam, na companhia de outros familiares, parentes e amigos, descontraidamente. Em um momento da conversa, Renato perguntou ao seu tio João: "Tio, o senhor tem oitenta e cinco anos, ou oitenta e seis?" E respondeu-lhe seu tio: "Oitenta e cinco." Renato, então, comentou, simulando constrangimento: "Oitenta e cinco. Puxa! Os homens da sua geração, tio, são mais bem conservados do que os da minha. Veja... Eu, por exemplo, sou vinte e três... trinta e três anos mais novo do que o senhor, e, agora, olhando para o senhor, sinto-me mais velho." Fez uma pausa; e um bom número de par de olhos o fitaram, na expectativa, esperando, dele, a conclusão do comentário. E assim que se deu por convencido de que criara o ambiente apropriado para arremetar seu discurso, disse Renato: "É verdade, tio. Sinto-me mais velho do que o senhor. Veja bem... Olhe para a minha cabeça: Eu tenho mais cabelos brancos do que o senhor." E todos caíram na gargalhada.