NÃO SOU UMA QUALQUER (excerto)

Uma bela terça-feira, após a avaliação, para descontrair, Julieta levou o seu livro no refeitório, “AS ARMADILHAS DA MENTE”, de Augusto Cury, sentou-se numa das cadeiras e desfolhou o livro. Maria e Edson aproximaram-se do refeitório, ele comprou dois hambúrgueres e duas garrafas de Coca-Cola, sentaram-se na mesma mesa que ela estava.

- Posso pagar um para ti? – perguntou ele sorrindo.

- Obrigada pela oferta, mas infelizmente não estou com fome, e aliás, não aceito uma oferta sua! – respondeu ela.

- Sempre durinha! Até quando continuarás sendo tão burra? – perguntou ele.

- Obrigada esperto! – respondeu ela.

- Com os lábios tão secos, mas ainda dizes não ter fome, me poupa tá! Nem sequer um bolinho de 10kzs você comprou! – exclamou Maria sorrindo.

Ela ignorou os comentários deles, ele tirou 5000kz no bolso e colocou na mesa.

- Este é para ti! Eu posso dar-te tudo que precisas, só precisas falar comigo.

- Olhe, eu não sou as jovens com quem brincas! Eu sou feliz do jeito que sou, e tenho tudo que preciso! Se achas ser o senhor dinheirão, dê esta felicidade naquelas que estão atrás de ti, e não a mim. – disse ela.

- Discurso horrível! Onde você tira toda essa burrice? – perguntou Maria. – Este teu corpo te daria um bom dinheiro, uma bela vida, mas a tua burrice exagerada faz de ti pobre.

- Obrigada pelo elogio! – respondeu ela.

- Ainda tem a coragem de agradecer? – perguntou Maria.

- Chega de papo furado, a Maria tem razão, o teu belo corpo dar-te-ia uma bela vida! Só precisas colaborar, posso levar você num hotel, duas horas lá poderás sair milionária. – disse ele colocando o dinheiro na mão dela e ela recebeu – É só pensares melhor.

- Talvez vocês conseguiram convencer-me! – disse ela sorrindo com o dinheiro na mão.

- É isto aí, assim considero-te amiga. – disse Maria feliz.

- Pois é! Assim é que é, aqui dinheiro é demais, demais – disse ele sorrindo.

- Tens a certeza daquilo que dizes? – perguntou ela.

- Absoluta certeza, não estou de brincadeira – disse ele.

- Bem! Para que saibas de uma coisa, eu posso não ser rica, ou ser filha sei lá de quem, posso não viver numa casa de luxo, posso não ter um carro para passear, posso até andar com roupa fora da moda, e daí? Eu sou feliz assim, deste belo jeito que sou, e para a vossa bela informação, eu não preciso do vosso dinheiro, meu pai trabalha, e pouco que tem consegue sustentar-nos, eu mesma não estou de braços cruzados, nem sentado esperando que alguém venha dar-me qualquer coisa, batalho pela vida condignamente. Sou feliz assim, estou aqui, será que foram vocês que inscreveram-me? Claro que não. Não sou mulher para brincadeiras e o meu corpo não é mercadoria. Pegue no teu ou vosso luxo e entreguem naquelas que caem nas vossas jogadas, pois, a minha dignidade não se compra. – disse ela e jogou o dinheiro na cara dele.

Os dois não disseram nada, estavam admiradas com a atitude dela, ela pegou o seu livro e abandonou o local, algumas pessoas que presenciaram isto aplaudiram, foi uma pequena vergonha para Edson, apanhou o seu dinheiro e colocou no bolso, tentou esforçar um sorriso, lentamente levantou-se da cadeira e dirigiu-se ao seu carro.

Sandro Sebastião
Enviado por Sandro Sebastião em 07/05/2021
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