O CORTADOR DE CANA
O CORTADOR DE CANA
Eu gritava em minha cabana;
--Deixem que eu sonhe
Não me acordem,
Mesmo que eu grite
Que este sonho
Virou prisioneiro dos fatos
De um eminente pesadelo.
Deixem que eu venha gemer
Da provável dor de qualquer tortura,
Que meu rosto soe sangue coalhado.
Que morra meu corpo,
Mas deixem que meu sonho
Se torne vida para esse espírito
Atribulado; deixem que sonhem.
As paredes iam apertando-me,
meu facão sarandi olhava-me de esguelha,
não havia como Fugir,
estava a gemer quem sabe?
--Causou-me tristeza
dar meu cavalete,
que de arte nada sabia, mas era meu.
ela sorria e dizia;
--É que as ditaduras
de meus dias
censurou meu doce querer.
Pela manhã
Faz o que quer,
E quando vem a noite
Apodreço-me
Ai você sente o que mais quer.
Eu lhe implorava por vida;
--Poderia ser mas,
não são minhas
as paredes desta sua casa,
mas as grades de minha opressão.
Esta era uma das línguas
dentro daquele sanatório
a ceu aberto;
---Úngüe
Unglue ungle ungle
Gala mist ungle
Gala mist ªA ª.
Cajucá juka juka
gali galhi juka
Galhi á.
A mist unglui galhi
Galhi mist juka,
cantavamos entre as folhagens
cortantes como navalhas.
Nossas origens eram varias,
a origem do nada, a vida é o nada das usinas,
muir sonhos junto a cada gota de garapa,
éra o pó éra os ossos que trincavam
sobre montes de cadaveres,
que sendo morte explodira
Virava pó sobre um ponto qualquer
sem espírito.
Que origem temos quando nascemos?
primeiro veio um espírito e disse;
--sejam minha imagem
sou a brisa e o sol.
Meu nome é pleno uno,
Devemos nos conduzir
Para o seio das águas,
E que limpem
De nossos corpos
a poeira do sangue alheio,
e refaçam em nossos espíritos
a leveza do ser,
pois um lençol freático
que flui da fonte imortal
sustenta todo peso do feixe de cana.