(A sociedade baseada na força foi uma crueldade com os fracos, baseada na inteligência, covardia com os bons... - M. Rocca)
Uma noite quente de outono, em minha terra. Sobre a cama, as pálpebras caem num doce sono. Tenho o impulso irresistível de entregar-me à imaginação. Penso no chapéu novo que comprei e ainda não pude usar. Afinal, nesta época perigosa não há locais em que possa exibi-lo com toda minhas esquisitices ornamentais. Mas, o chapéu é bonito, marinho com uma cinta marrom a envolvê-lo. Mais uma necessidade inventada, concordo, muitas constantemente são, todas essas coisas, preenchem a existência. Às 18:00, visto-me após o banho e ponho o chapéu. A cidade esvaziada, assim como a praça que atravesso. O dia nublado traz à noite rapidamente. Um rapaz pergunta-me às horas, ao olhar para o pulso, toma-me o relógio. Outro surge e arranca o chapéu, em seguida puxam a carteira do bolso. O primeiro por fim, esfaqueia-me a barriga. Após isso, ambos correm... Olho ao redor e grito por socorro. Lembro-me de uma máxima: "A sociedade baseada na força foi cruel com os fracos..." Isso agora talvez, não importe. Vazia, a cidade não deixa ninguém em prontidão a me ajudar.