NOME, CORPO, SOBRENOME, INDIGENTE
AUTOR: JOEL MARINHO
Entrou em seu quarto, acendeu a luz pouco brilhante, tirou a roupa, pegou papel e caneta, sentou-se em uma ponta da cama, acendeu um cigarro barato de odor insuportável, escreveu alguma coisa sem nexo (CÊ VAI NÃO SEI DE NADA ESCONDIDO NO...) e “apagou” num sono profundo aquele ser solitário sem endereço.
Mais um dos delírios seus, pobre mendigo que já nem sabia mais seu nome e nem a sua origem, apesar da sua existência ninguém mais o via e só no dia seguinte trabalhadores da prefeitura juntavam seu corpo enrijecido e levavam para uma faculdade de medicina onde serve para estudos anatômicos de centenas de estudantes.
Nenhum túmulo, nenhuma placa, nenhuma cruz. Seu nome é apenas “corpo”, seu sobrenome, “indigente”, mesmo assim suficiente para ensinar toda uma comunidade acadêmica e muni-los de algo que ele não teve a oportunidade de ter e nem ser beneficiado, o saber acadêmico.
AUTOR: JOEL MARINHO
Entrou em seu quarto, acendeu a luz pouco brilhante, tirou a roupa, pegou papel e caneta, sentou-se em uma ponta da cama, acendeu um cigarro barato de odor insuportável, escreveu alguma coisa sem nexo (CÊ VAI NÃO SEI DE NADA ESCONDIDO NO...) e “apagou” num sono profundo aquele ser solitário sem endereço.
Mais um dos delírios seus, pobre mendigo que já nem sabia mais seu nome e nem a sua origem, apesar da sua existência ninguém mais o via e só no dia seguinte trabalhadores da prefeitura juntavam seu corpo enrijecido e levavam para uma faculdade de medicina onde serve para estudos anatômicos de centenas de estudantes.
Nenhum túmulo, nenhuma placa, nenhuma cruz. Seu nome é apenas “corpo”, seu sobrenome, “indigente”, mesmo assim suficiente para ensinar toda uma comunidade acadêmica e muni-los de algo que ele não teve a oportunidade de ter e nem ser beneficiado, o saber acadêmico.